Em artigo publicado no Financial Times, Borrell disse que o texto que será apresentado é o melhor possível e deve ser implementado o mais rápido que puder para garantir a implementação do acordo nuclear com o Irã. A decisão de Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, de sair do acordo em 2018 impediu a concretização do acordo.
Há cerca de um ano, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (Rússia, Estados Unidos, China, Reino Unido e França), a Alemanha e o Irã retomaram as negociações diplomáticas referentes ao acordo nuclear. Para Borell, o espaço de negociação já se esgotou e o texto que será apresentado é o melhor possível.
"O texto representa o melhor negócio possível que eu, como facilitador das negociações, vejo como viável. Não é um acordo perfeito, mas aborda todos os elementos essenciais e inclui compromissos duramente conquistados por todas as partes. As decisões precisam ser tomadas agora para aproveitar esta oportunidade única de sucesso e liberar o grande potencial de um acordo totalmente implementado. Não vejo outra alternativa abrangente ou eficaz ao nosso alcance", declarou.
"Sabemos que o acordo permanece politicamente polarizado em Washington à medida que as eleições de meio de mandato se aproximam. O acordo pode não ter abordado todas as preocupações dos EUA em relação ao Irã. A UE partilha preocupações que vão além da questão nuclear, como os direitos humanos e as atividades regionais do Irã. Nós as abordamos continuamente com o Irã em discussões bilaterais", disse ainda.
Borrell afirmou também que "o acordo está mais protegido de possíveis movimentos unilaterais para prejudicá-lo".
O artigo do chefe da diplomacia europeia acompanha a posição do presidente da França, Emmanuel Macron, que acredita na retomada do acordo. O mandatário francês conversou com seu homólogo iraniano, Ebrahim Raisi, no último sábado (23).
Na ocasião, Macron expressou desapontamento com a falta de progresso nas negociações de Viena, que pararam na primavera passada — no Hemisfério Norte —, e insistiu na necessidade de fazer uma escolha clara para concluir um acordo e retornar à implementação dos compromissos nucleares do Irã.
Em 2015, o Irã assinou o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês, também conhecido como acordo nuclear iraniano) com o grupo de países P5+1 (Estados Unidos, China, França, Rússia e Reino Unido, mais a Alemanha) e a União Europeia. Ele exigia que o Irã reduzisse seu programa nuclear e reduzisse severamente suas reservas de urânio em troca de alívio de sanções, incluindo o levantamento do embargo a armas cinco anos após a adoção do acordo. Em 2018, os EUA abandonaram sua posição conciliatória sobre o Irã, retirando-se do JCPOA e implementando políticas duras contra Teerã, levando o Irã a abandonar amplamente suas obrigações sob o acordo.
Em abril de 2021, as partes do acordo, mais os Estados Unidos, iniciaram negociações para restabelecer o acordo nuclear, trabalhando em Viena. No entanto Borrell anunciou em março uma pausa nas negociações de Viena "devido a fatores externos".