O presidente iraniano Ebrahim Raisi expressou solidariedade ao seu colega chinês Xi Jinping em Taiwan, informando-o de que a República Islâmica deseja laços estratégicos mais estreitos com a República Popular e apoia totalmente a política de Uma Só China.
"O apoio à política de Uma Só China é uma política definida e baseada nos princípios da República Islâmica do Irã", disse Raisi, durante conversa de uma hora com o presidente Xi, realizada na sexta-feira (29).
Acusando os EUA de se intrometer nos assuntos internos de outros países, Raisi alertou que as políticas americanas estavam "se transformando agora em uma ameaça à paz e segurança internacionais”.
O presidente iraniano informou a Xi que Teerã está pronta para aumentar a cooperação com Pequim em todas as áreas, particularmente energia e segurança marítima, e alertou que qualquer tentativa dos Estados Unidos de devolver o planeta a um cenário ao estilo da Guerra Fria seria uma indicativo da fraqueza e do declínio de Washington.
O Irã "preparou o terreno necessário para a segurança coletiva e o desenvolvimento na Ásia Ocidental e pode servir de modelo para fortalecer a confiança política e o desenvolvimento econômico na região", disse Raisi. Os dois líderes também discutiram as propostas do Irã para se juntar às nações do BRICS e o pacto de segurança da Organização de Cooperação de Xangai (SCO).
O Irã é o segundo grande parceiro estratégico chinês a expressar seu forte apoio a Pequim em meio às crescentes tensões sobre Taiwan.
Também na sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, reafirmou o compromisso da Rússia com a política de Uma Só China, enfatizando que a posição de Moscou sobre o assunto é "absolutamente clara" e "inalterada".
As tensões China-EUA sobre Taiwan começaram a aumentar desde o primeiro dia da presidência de Joe Biden, com Pequim criticando Washington por convidar o representante diplomático da ilha para a posse em Washington. Nos 18 meses desde então, Biden sugeriu repetidamente que os EUA viriam em defesa de Taipé em caso de "agressão" chinesa, rompendo com a política de "ambiguidade estratégica" de seus antecessores em relação à ilha.
As tensões sobre Taiwan chegaram ao auge nas últimas duas semanas depois que o Financial Times informou, no dia 19 de julho, que a presidente da Câmara, Nancy Pelosi poderia visitar Taiwan como parte de sua viagem pela Ásia. Autoridades chinesas e a mídia tem alertado Pelosi desde então sobre as consequências de sua visita a Taipé.
Pelosi definiu uma turnê pela Ásia a partir deste sábado (30) e deve visitar formalmente o Japão, Coréia do Sul, Indonésia e Cingapura. A representante norte-americana e sua equipe se recusou a comentar sobre seus planos de viagem e se a viagem incluiria uma escala em Taiwan.