Panorama internacional

Situação no Kosovo está relacionada à visita de altos funcionários kosovares aos EUA, diz analista

A situação tensa no Kosovo está relacionada à visita de altos funcionários da região a Washington e às negociações com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, acredita o analista político francês, Nikola Markovic.
Sputnik

"Não é à toa que as tensões se desencadearam. Tudo aconteceu depois da visita do primeiro-ministro [Albin Kurti] e do ministro das Relações Exteriores do Kosovo [república autoproclamada] a Washington, que se deu em 26 de julho. O líder autoritário kosovar, Albin Kurti, discutiu com o secretário de Estado [norte-americano Antony] Blinken o método de reativar as tensões nesta região extremamente importante dos Balcãs Ocidentais. […] O desejo do Kosovo de reativar as tensões na fronteira com a Sérvia, sem dúvida, resulta dessas discussões. A região deve agradecer a deterioração da situação sensível em 24 horas ao senhor Blinken", disse o analista em uma entrevista à Sputnik.

Segundo Markovic, a conexão entre os acontecimentos no Kosovo e os EUA é óbvia, já que em Washington Blinken lembrou que o Kosovo era um parceiro permanente de Washington. Em resposta, Kurti afirmou que era preciso "conter a Rússia e os satélites dela".
Além disso, foi precisamente depois da reunião com o embaixador norte-americano em Pristina que o primeiro-ministro da república autoproclamada decidiu adiar a entrada em vigor das "novas regras" por um mês, o que assegurou a manutenção das tensões na região, crê o analista. Markovic também salientou que o presidente sérvio está se comportando na situação atual de maneira correta, ao se referir à complexidade da situação e apelar para acabar com distúrbios. Nesse contexto, Aleksandar Vucic pediu a todos para respeitar a resolução das Nações Unidas, acrescentando que, caso as autoridades do Kosovo invadam a Sérvia, será a Sérvia que vai vencer.
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Nos comunicados de imprensa de Blinken e Kurti após a reunião deles também foram mencionados a situação na Ucrânia, a Rússia e o presidente russo Vladimir Putin. Conforme Markovic, a maioria dos albaneses que moram no Kosovo vê o conflito na Ucrânia como mais uma oportunidade para fortalecer a sua influência nos Balcãs, já que no contexto atual a Rússia e a China não podem ajudar a Sérvia. Aliados do Kosovo, os EUA possuem interesses contrários, desejando semear caos nos Balcãs para fortalecer a pressão contra a Rússia e os aliados dela.
O analista acrescentou que, apesar de todas as tentativas da Europa de parecer unida, na realidade não é assim. Cinco membros do bloco têm se recusado a reconhecer a independência do Kosovo desde 2008, temendo que tal passo possa servir como um precedente. Assim, caso a Espanha reconheça o Kosovo como um Estado soberano, isso poderá acarretar tentativas por parte da Catalunha e Galiza de se proclamarem regiões independentes, supõe o especialista.
A mesma situação pode suceder na Romênia, onde vivem muitos húngaros, acrescenta.
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Segundo Nikola Markovic, os EUA "abriram a caixa de Pandora" e, ao terem criado o Estado artificial do Kosovo, abriram as portas do separatismo na Europa. Ao mesmo tempo, a União Europeia diz para Sérvia, Kosovo e outros países dos Balcãs, que têm status de candidato para a UE, que eles poderão iniciar o processo de adesão, enquanto na realidade isso é praticamente impossível, sublinha o especialista.
Na noite de domingo, no norte do Kosovo foram desencadeados distúrbios, provocados pela proibição planejada de Pristina de entrada na república autoproclamada para os cidadãos com placas de matrícula e documentos sérvios. A proibição deveria entrar em vigor em 1º de agosto. Após o apelo dos EUA, as autoridades kosovares adiaram a proibição por um mês. O presidente sérvio, Aleksandar Vucic, na madrugada da segunda-feira afirmou que espera a redução das tensões no Kosovo, acrescentando que Belgrado vai fazer todo o possível para isso.
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