Em comunicado oficial, a organização apontou que ampliará a produção em setembro. O anúncio veio após semanas de especulações devido às recentes visitas de Biden à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos com o objetivo de pedir o aumento da produção. Como parte desse esforço, na terça-feira (2), o Departamento de Estado dos EUA aprovou a venda de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 15,85 bilhões) em mísseis balísticos táticos modelo Patriot MIM-104E aos sauditas.
Apesar disso, conforme publicou a agência Reuters, o aumento anunciado nesta quarta-feira (3) é o equivalente a apenas 86 segundos do atual ritmo de produção mundial de barris de petróleo. Ainda segundo a agência, o aceno de Biden pelo aumento tinha entre seus objetivos reduzir os lucros russos no mercado de petróleo — que aumentaram nos últimos meses em meio ao crescimento médio do preço do barril.
Tanques de armazenamento da Reserva Estratégica de Petróleo dos EUA no Terminal Sunoco, perto de Nederland, Texas
© Foto / Departamento de Energia dos EUA
Analistas ouvidos pelo jornal britânico The Guardian classificaram o anúncio da OPEP+ de um "insulto" a Biden, que enfrenta uma crise interna devido à inflação recorde no país, a maior em 40 anos, e o crescente risco de recessão econômica. Entre os fatores da inflação está justamente o aumento dos preços dos combustíveis nos EUA.
Esses preços subiram consideravelmente no país após a aplicação de sanções de Washington e seus aliados contra o setor de energia russo devido à operação militar especial russa na Ucrânia. A Casa Branca tem buscado alternativas para lidar com a situação, incluindo a venda de petróleo das reservas estratégicas.
Mais tarde, em entrevista à CNN, o enviado especial dos EUA para Relações Internacionais de Energia, Amos Hochstein, afirmou que a medida da OPEP+ não deve impactar os preços dos combustíveis nos EUA de forma significativa, mas "é um passo na direção correta".
Da esquerda para a direita: Asaad bin Tariq al-Said, vice-primeiro-ministro de Relações Internacionais e Cooperação de Omã e representante especial do sultão; xeque Mohamed bin Zayed al-Nahyan, presidente dos Emirados Árabes Unidos; Abdel Fattah al-Sisi, presidente do Egito; Hamad bin Isa bin Salman al-Khalifa, rei do Bahrein; e Joe Biden, presidente dos EUA
© AFP 2023 / Al-Mansoori Rashed / Ministério de Relações Presidenciais dos Emirados Árabes Unidos / Handout
Limite operacional pode ser entrave para a produção
A OPEP e seus aliados, liderados pela Rússia, estavam ampliando a produção anteriormente entre 430 mil e 650 mil barris por mês. Esse esforço vinha ocorrendo apesar de a maior parte dos membros já haver excedido seu potencial. A OPEP cita essas dificuldades em seu comunicado desta quarta-feira (3).
Conforme publicou o site especializado Oil Price, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos são os únicos produtores na OPEP+ e no mundo que atualmente têm espaço suficiente para ampliar a produção de petróleo.
A OPEP tem 13 membros plenos, incluindo Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã e Venezuela. A Rússia faz parte do grupo de 11 países que participam da organização de forma voluntária — a chamada OPEP+.