Diante do terrível momento do mercado de energia da Europa, preços recordes e incertezas associadas a futuras entregas de gás russo devido a sanções ocidentais, a Dinamarca tem depositado suas esperanças no campo de gás Tyra, no mar do Norte, para garantir entregas regulares e aliviar a pressão econômica.
A TotalEnergies, que opera o campo de Tyra em nome do Consórcio Subterrâneo Dinamarquês (DUC, na sigla em inglês), disse em um comunicado à imprensa que o trabalho de reconstrução do campo será adiado.
O atraso significa que o gás do campo Tyra só vai ser entregue durante a temporada de inverno europeu de 2023-24, no mínimo. Até agora, a expectativa era de que o campo de Tyra pudesse reabrir em junho do ano que vem.
A pandemia de COVID-19 foi responsabilizada pelo atraso na reabertura por ter afetado as cadeias de produção de diferentes formas, o que inclui a dificuldade na obtenção de mão de obra e materiais para o estaleiro em Batam, na Indonésia, onde a plataforma está sendo construída.
"Levamos a sério a atual crise energética na Dinamarca e na Europa. Portanto, estamos mobilizando recursos adicionais significativos no exterior para que possamos sempre que possível compensar os atrasos ocorridos no estaleiro e colocar o Tyra em operação", disse o diretor da TotalEnergies Dinamarca, Martin Rune Pedersen, à TV2.
Pedersen descreveu o campo de Tyra como uma "pedra angular da futura produção de gás dinamarquesa". No geral, petróleo e gás são produzidos na parte dinamarquesa do mar do Norte desde 1972, criando postos de trabalho em terra e no mar. Antes de seu fechamento em setembro de 2019 por razões ambientais como parte do muito elogiado "interruptor verde", o campo Tyra representava 90% do gás natural produzido na Dinamarca.
Quando estiver totalmente pronto, o Tyra II deverá produzir 2,8 bilhões de metros cúbicos de gás por ano.
O consumo total de gás da Dinamarca em 2021 foi de 2,15 bilhões de metros cúbicos, o que corresponde a 0,4% do consumo total de gás da União Europeia (UE).
Hoje, 800.000 dinamarqueses no país de 5,8 milhões vivem em casas abastecidas por gás, o que põe em dúvida a viabilidade dos planos do governo de se tornarem totalmente verdes em questão de anos.
Em junho, a Agência de Energia Dinamarquesa emitiu um alerta antecipado devido à incerteza sobre o fornecimento de gás do país nórdico, pedindo aos dinamarqueses que economizassem energia. Para alcançar a autossuficiência energética, a Dinamarca planeja uma expansão drástica da produção de energia eólica e solar. Ao mesmo tempo, também deve aumentar a produção doméstica de gás, apesar dos planos anteriores de interrompê-la totalmente.
Diante da perspectiva de escassez de energia e a condição de racionamento no próximo inverno, os líderes da UE adotaram uma meta "voluntária" para reduzir o uso de gás em 15% até março de 2023, a fim de evitar a crise iminente.