Panorama internacional

Como China pode se vingar de Taipé e Washington após visita de Pelosi a Taiwan?

Embora tenha sido a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA Nancy Pelosi quem deixou as autoridades de Pequim furiosas com a sua visita a Taiwan, é Taipe quem pode pagar um preço alto por isso, aponta a CNN.
Sputnik
"Ainda que muitos chineses parecessem ansiosos por um confronto militar, era claro que Pequim não derrubaria o avião de Pelosi", disse Thomas W. Pauken II, um consultor de assuntos da Ásia-Pacífico baseado em Pequim e autor do livro "EUA vs. China: da Guerra Comercial ao Acordo Mútuo".
De acordo com Pauken, a viagem de Pelosi foi sua última tentativa de permanecer relevante, já que ela em breve se aposentará devido à sua impopularidade entre os eleitores dos EUA.
O especialista sugere que a mídia norte-americana e as autoridades de Washington vão esquecer a aventura taiwanesa da presidente da Câmara dos EUA em duas ou três semanas.
No entanto, as repercussões da sua viagem vão se sentir e Taipé pode ser o primeiro a senti-las, de acordo com o autor.

"[Pelosi] fez uma jogada política tão arriscada que o mundo nunca mais será o mesmo", observou. "Pequim se sentirá encorajada a acelerar suas medidas de unificação com Taiwan e o governo chinês acabou de avançar na redução do comércio e dos investimentos na ilha. A indústria de semicondutores será devastada com as proibições de Pequim de exportar areia natural, que é o ingrediente essencial da cadeia de suprimentos para a fabricação de chips. A China também bloqueou as importações de frutas e frutos do mar de Taiwan. Devemos antecipar medidas econômicas ainda mais punitivas, a serem anunciadas pela China em um futuro próximo", explicou Pauken.

Ontem (4), a China iniciou uma série de exercícios de fogo real sem precedentes em seis áreas marítimas em torno de Taiwan. O Exército da China de fato "cercou" a ilha, deixando Washington preocupado em como responder se o exercício militar se transformar em um bloqueio, de acordo com o New York Times.
Ainda assim, isto é apenas o começo: depois de Taiwan, os EUA provavelmente também vão sentir as consequências, segundo Pauken.
"A China tomará medidas econômicas mais agressivas contra Taiwan, os EUA e outros que buscam se opor à China", disse ele.
"O fabricante de baterias EV (para veículos elétricos) anunciou planos de parar o seu investimento de US$ 5 bilhões [R$ ] em uma futura fábrica nos EUA e cancelou seu acordo com a Ford Motors e a Tesla em resposta à visita de Pelosi a Taiwan", ressaltou ele.
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Da mesma forma, podemos esperar que o Exército da China se torne mais aguerrido e confiante, acrescentou Pauken.
As autoridades de Pequim foram sensatas ao não se envolverem em um confronto militar direto com os EUA na sequência da viagem de Pelosi a Taiwan, segundo o especialista. Ainda assim, ele afirma que os chineses estão assistindo o declínio dos EUA e esperando um momento perfeito para o próximo passo.
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