Durante entrevista coletiva concedida na noite de sábado (6), a poucas horas da cerimônia de posse, Petro mandou um recado para o Brasil ao ser questionado por jornalista da Folha de S. Paulo sobre as eleições de outubro.
"Que vença Lula", disse o líder do Pacto Histórico.
A cerimônia de posse de Petro contará com a presença de figuras próximas de Lula, como a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT) — coordenador do programa de governo do petista — e o líder social Guilherme Boulos (Psol). O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o seu vice, Hamilton Mourão (Republicanos), decidiram não ir. O país será representado oficialmente na ocasião pelo chanceler Carlos França.
A boa relação de Petro e Lula não é novidade. Quando o colombiano foi eleito, o brasileiro fez questão de felicitar "calorosamente" a ele e à vice-presidente Francia Márquez.
Márquez, inclusive, esteve no Brasil na semana anterior à da posse e fez questão de se encontrar com Lula. A colombiana também se reuniu com movimentos sociais, em especial de mulheres negras.
A socióloga Vilma Reis, militante da Coalizão Negra por Direitos e uma das pré-candidatas apresentadas pelo grupo na iniciativa Quilombo nos Parlamentos, disse em entrevista recente à Sputnik Brasil que o encontro tratou de "trocas horizontais sobre o que se pretende com o próximo ciclo de poder no Brasil e na Colômbia".
"O encontro com Francia Márquez, no Rio de Janeiro, foi muito importante porque ela é uma liderança muito potente. Tratamos sobre questões ligadas à transição ecológica, proteção da Amazônia, direitos das mulheres, cooperação na América Latina e uma nova política de drogas que rompa com o modelo de guerra às drogas que afeta os nossos países", disse Reis.
"Estamos lutando por democracia na região, e a vitória de Petro e Márquez é uma das mais contundentes neste tempo, porque foram anos de massacre às comunidades naquele país."
Especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil apontam que Petro deve promover uma "sulamericanização" na política externa colombiana e isso seria mais fácil com um eventual governo Lula.
"Lula tende a colocar a América do Sul em patamar de prioridade caso repita os governos anteriores. Se ele faz isso, é claro que vai encontrar na região uma cena política favorável ao entendimento, à concertação. Mas, com uma eventual reeleição de Bolsonaro, o Brasil vai continuar alheio às questões da América do Sul", afirma Roberto Goulart Menezes, professor do Instituto de Relações Internacionais (Irel) da Universidade de Brasília (Unb) e coordenador do Núcleo de Estudos Latino-Americanos (Nel) da instituição.