Faltando pouco menos de dois meses para as eleições presidenciais, o Brasil está polarizado entre dois candidatos, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Embora a batalha pareça estar desenhada, há outros candidatos que sonham pelo menos com uma vaga no segundo turno.
A Sputnik Brasil listou quem são e o que propõem os candidatos à Presidência da República. A lista começa por aqueles com pouca ou nenhuma pontuação nas pesquisas, antes de abordar os mais bem colocados. Alguns ainda não lançaram oficialmente seus respectivos programas de governo, o que, de acordo com as regras eleitorais, pode ser feito até a próxima segunda-feira (15). Porém já deram um vislumbre em entrevistas e convenções partidárias de quais são suas principais propostas.
Vera Lúcia, PSTU — vice: Raquel Tremembé
Vera Lúcia, candidata à Presidência pelo PSTU
© Foto / Divulgação
Nascida em Inajá (PE), Vera Lúcia é uma das fundadoras do PSTU. É apresentada pela sigla como sapateira operária e tem formação em ciências sociais.
Se tornou militante da causa operária durante a adolescência, quando trabalhou em uma fábrica de calçados, onde teve contato com o movimento sindicalista. Em 1992, ela se filiou ao PT, permanecendo na sigla até 1994, quando se tornou uma das fundadoras do PSTU. Desde então, Vera Lúcia já foi quatro vezes candidata à prefeitura de Aracaju (2004, 2008, 2012 e 2016); ao governo de Pernambuco em 2010; à deputada federal em 2006 e 2014; à Presidência da República em 2018; e à prefeitura de São Paulo em 2020. Seu programa de governo é intitulado "Um Outro Brasil É Possível".
Algumas de suas propostas são:
Combate ao desemprego e à precarização das condições de trabalho;
Duplicação do salário mínimo, com correção automática para conter a defasagem gerada pela inflação;
Redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais;
Expropriação de empresas que demitirem, deixando-as sob controle dos trabalhadores;
Garantir serviços públicos de qualidade nas áreas de saúde, educação e transporte, e expropriação de grupos privados desses serviços;
Ampliação de obras de habitação populares;
Desapropriação de imóveis de grandes proprietários que lucram com a especulação imobiliária;
Descriminalizar as drogas e tornar o uso uma questão de saúde pública;
Fomentar programas de empregos que garantam alternativas a jovens;
Desmilitarizar as polícias militares.
Sofia Manzano, PCB — vice: Antônio Alves (PCB)
Sofia Manzano, candidata à Presidência pelo PCB
© Foto
Nascida em São Paulo, capital, Sofia Manzano é economista e professora de música. Se filiou ao PCB em 1989 e foi candidata pela sigla uma única vez, nas eleições de 2014, como vice-presidente na chapa liderada por Mauro Iasi. Seu programa de governo é intitulado "Um Programa Anticapitalista e Anti-imperialista para o Brasil".
Algumas de suas propostas são:
Revogar as reformas trabalhista e da Previdência;
Revogar a Emenda Constitucional 95, promulgada em 2016, que impôs o teto de gastos;
Revogar a Lei 13.429/2017, chamada Lei da Terceirização, que permitiu a terceirização irrestrita de todas as atividades de uma empresa;
Revogar a Lei Complementar 101/2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal;
Revogar a privatização de estatais;
Reestatizar completamente a Petrobras;
Reduzir a jornada de trabalho para 30 horas semanais;
Criar uma lei de responsabilidade social para assegurar recursos para saúde, educação, saneamento, programas sociais e investimentos públicos;
Isentar do Imposto de Renda trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos;
Congelar tarifas de eletricidade, saneamento e outros serviços essenciais, bem como o preço da cesta básica, enquanto durarem os efeitos econômicos da pandemia e da alta da inflação;
Combater a fome criando uma rede de restaurantes populares em subúrbios e bairros centrais dos municípios.
Leonardo Péricles, UP — vice: Samara Martins (UP)
Leonardo Péricles, candidato à Presidência pela UP
© Foto / Divulgação
Nascido em Belo Horizonte (MG), Leonardo Péricles começou a se engajar na política ainda jovem, no início dos anos 2000, organizando passeatas e movimentos em prol do passe livre aos estudantes na capital mineira. Em seguida, passou a integrar a União da Juventude Rebelião (UJR), primeiro militando em Minas Gerais, depois em nível nacional.
Em 2013, participou do movimento de protesto popular conhecido como Jornadas de Junho, que protestava contra o aumento nas tarifas do transporte público. Participou também de movimentos em prol do direito à moradia, organizando e realizando ocupações em Minas Gerais. Em 2014, participou da fundação da União Popular, sigla da qual é presidente, que foi oficialmente registrada em 2019. Esta será a primeira vez que o partido disputará eleições e a estreia de Péricles como candidato a um cargo político. Seu programa de governo tem como base 25 pontos.
Entre as principais propostas estão:
Nacionalização dos recursos;
Estatização dos serviços públicos;
Reestatização de empresas privatizadas;
Combate ao monopólio;
Realização de uma reforma agrária popular, com o fim do monopólio privado da terra;
Taxação das grandes fortunas;
Democratização dos meios de comunicação, por meio da socialização dos grandes canais de televisão;
Combater a corrupção e julgar, prender e confiscar bens de pessoas que praticaram corrupção;
Tornar o cargo de juiz elegível por votação popular.
Felipe D'Avila, Novo — vice: Tiago Mitraud (Novo)
Nascido em São Paulo, capital, Felipe D'Avila é cientista político, fundador da Editora D'Avila e já atuou como editorialista do jornal O Estado de S. Paulo. Em 2008, ele fundou o Centro de Liderança Pública (CLP), organização que se apresenta como suprapartidária e trabalha na formação de lideranças para atuar em políticas públicas. Esta será a estreia de D'Avila em uma eleição. Ele é um forte entusiasta do Estado mínimo, que é uma das principais bandeiras do Novo. O nome de seu plano de governo é "Um Novo Brasil para Todos", em uma crítica à polarização política.
Entre suas propostas estão:
Extinguir a pobreza extrema em um período de quatro anos;
Aprimorar o Serviço Único de Saúde (SUS);
Investir em fontes limpas de energia;
Zerar as emissões de carbono do Brasil;
Reduzir impostos sobre importações;
Ampliar o ensino integral e aprimorar a educação pública;
Fortalecer o combate à homofobia, ao racismo, e proteger os direitos dos povos indígenas;
Implementar sentenças mais duras para casos de corrupção;
Impor um rígido controle ao acesso às armas;
Extinguir o foro privilegiado.
José Maria Eymael, DC — vice: João Barbosa Bravo (DC)
José Maria Eymael, candidato à Presidência pelo Democracia Cristã
© Foto / PDSC/Divulgação
Veterano em corridas presidenciais e dono do jingle político mais conhecido do país, Eymael disputará pela sexta vez a Presidência da República. Anteriormente, ele foi candidato em 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018.
Eymael nasceu em Porto Alegre (RS) e é formado em direito e filosofia. Ele iniciou sua carreira política em 1962, quando se filiou ao Partido Democrata Cristão (PDC), que foi extinto durante a ditadura. Retornou à vida política em 1982, quando se filiou ao PTB, concorrendo pela sigla a deputado estadual de São Paulo. Em 1985, ele concorreu a prefeito da capital paulista. Ele foi eleito deputado federal por São Paulo em 1986, sendo reeleito quatro anos depois. Em 1992, concorreu novamente à prefeitura de São Paulo, e três anos depois fundou seu partido atual, o Democracia Cristã, pelo qual se candidatou seis vezes à Presidência.
Seu programa de governo tem como foco combater o que chama de "capitalismo selvagem" e o "marxismo" para implementar a democracia cristã.
Entre as propostas estão:
Combater a corrupção impondo penas mais duras a quem a pratica;
Combater privilégios de qualquer tipo;
Assegurar a legitimidade e a proporcionalidade da representação política;
Apoiar uma agenda de política externa solidária entre nações;
Garantir remuneração justa ao trabalhador;
Garantir à população o direito à moradia e à educação;
Criar um Sistema Nacional de Saúde capaz de assegurar assistência médica, odontológica e hospitalar;
Promover o campo de pesquisa aplicada pela criação de um Plano Nacional de Apoio à Pesquisa;
Fortalecer a iniciativa privada;
Promover as reformas agrária e tributária.
Simone Tebet, MDB — vice: Mara Gabrilli (PSDB)
Simone Tebet, candidata à Presidência pelo MDB
© Foto / Divulgação
Nascida em Três Lagoas (MS), Simone Tebet é formada em direito, professora e filha do ex-governador de Mato Grosso do Sul e ex-presidente do Senado Ramez Tebet.
Ela iniciou sua trajetória política em 2002, quando foi eleita deputada estadual pelo Mato Grosso do Sul, concorrendo pelo MDB, então PMDB. Dois anos depois, ela foi eleita prefeita de Três Lagoas, sendo reeleita em 2008. Em 2010, concorreu como vice na chapa de André Puccinelli, eleito governador do MS naquele ano. Em 2014, Tebet foi eleita senadora. Em 2018, foi alçada pelo MDB ao posto de líder da bancada do partido no Senado. Em 2019, ela se tornou a primeira mulher a presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, uma das mais importantes do Congresso. Em 2021, ela ganhou destaque por sua atuação na CPI da Pandemia. Foi então que seu nome passou a ser cogitado como presidenciável nas eleições deste ano.
Tebet ainda não lançou oficialmente seu plano de governo, mas em eventos e entrevistas a jornais e podcasts deu um vislumbre de suas propostas.
Entre as propostas apresentadas estão:
Pacificação da política brasileira, com o fim da polarização;
Estimular a economia por meio de parcerias com a iniciativa privada;
Promover o uso de fontes limpas de energia;
Extinguir o orçamento secreto;
Reorganizar o Orçamento;
Combater a pobreza;
Ampliar programas sociais;
Investir em ações com foco na primeira infância;
Acabar com a reeleição presidencial.
Soraya Thronicke, União Brasil — vice: Marcos Cintra (União Brasil)
Soraya Thronicke, candidata à Presidência pelo União Brasil
© Foto / Divulgação
Nascida em Dourados (MS), Soraya Thronicke é formada em direito e iniciou sua carreira política em 2018, quando foi eleita senadora, concorrendo pelo PSL no estado. Ela foi eleita na onda liberal conservadora que elegeu Jair Bolsonaro presidente da República. Apesar disso, teve uma postura crítica à gestão do governo Bolsonaro da pandemia. Seu programa de governo propõe o que chama de Planejamento Estratégico.
Entre suas propostas estão:
Combate à corrupção;
Criação da chamada "Cidadania responsável", com mecanismos que permitam que a população fiscalize o uso dos recursos públicos;
Ampliar os sistemas de saúde, segurança e educação cívica;
Fortalecer o agronegócio;
Incentivar o empreendedorismo;
Criar políticas mais eficazes de proteção à mulher, em especial as vítimas de violência doméstica;
Implementar no Brasil uma lei de porte de armas similar à dos Estados Unidos;
Liberar a comercialização e o porte de armas não letais, como spray de pimenta e eletrochoque, como forma de defesa do cidadão.
Ciro Gomes, PDT — vice: Ana Paula Matos (PDT)
Ciro Gomes, candidato à Presidência pelo PDT
© Foto / Divulgação
Nascido em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, Ciro Gomes se mudou com a família aos quatro anos de idade para viver em Sobral, no Ceará. Formado em direito, ele iniciou sua trajetória política em 1982, quando foi eleito deputado estadual pelo Ceará pelo PDS — partido que deixou de existir em 1993, quando se fundiu ao PDC para formar o PPR, atual Progressistas. Ao longo de sua trajetória, filiou-se a vários partidos políticos: PMDB (1986), PSDB (1988), PPS (1998), PSB (2003), PROS (2014) e PDT (2015).
Ciro foi prefeito de Fortaleza entre 1989 e 1990; deixou o cargo para disputar o governo do Ceará, sendo eleito e permanecendo no cargo entre 1991 e 1994; foi ministro da Fazenda de Itamar Franco entre 1994 e 1995; disputou as eleições presidenciais em 1998 e 2002; foi ministro da Integração de Lula entre 2003 e 2006; e foi deputado federal pelo Ceará entre 2007 e 2011.
Ciro Gomes aposta na quebra da polarização, se apresentando como uma terceira via ao eleitor, o que explica o slogan de sua campanha, "Prefiro Ciro". Seu programa de governo se chama "Projeto Nacional de Desenvolvimento".
Algumas de suas propostas são:
Criar 5 milhões de postos de emprego já no primeiro ano de governo;
Aumentar o salário mínimo;
Mudar a política de preço dos combustíveis, desvinculando-a do dólar;
Criar um programa de desconto de dívidas para limpar o nome de 63,7 milhões de brasileiros hoje no Serasa ou no SPC;
Aumentar o controle do governo sobre a Petrobras e diversificar as áreas da empresa para incluir investimentos em fontes de energia limpas;
Combater a corrupção;
Ampliar o acesso à Internet em escolas e criar áreas de wi-fi grátis nas cidades;
Promover uma reforma tributária, com taxação de grandes fortunas;
Eliminar o teto de gastos;
Investir na capacitação de professores;
Implementar o ensino integral nas escolas;
Criar métodos de ensino que estimulem o pensamento crítico e analítico dos estudantes.
Luiz Inácio Lula da Silva, PT — vice: Geraldo Alckmin (PSB)
Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência pelo PT
© Foto / Divulgação/Ricardo Stuckert
Nascido em Garanhuns (PE), Luiz Inácio Lula da Silva migrou para São Paulo com a família ainda criança. Em São Paulo, trabalhou como metalúrgico e iniciou sua trajetória política se engajando em movimentos sindicais. Foi líder sindical no ABC Paulista e um dos fundadores do PT. Em 1986, foi eleito deputado estadual por São Paulo. Em 1989, disputou a Presidência da República, perdendo para Fernando Collor de Mello. Disputou a presidência nas duas eleições seguintes (1994 e 1998), perdendo ambas para Fernando Henrique Cardoso. Chegou ao Palácio do Planalto após vencer as eleições de 2002, sendo reeleito em 2006. Seu programa de governo se chama "Juntos pelo Brasil" e tem como metas reconstruir e transformar o país.
Entre as propostas estão:
Propor uma nova legislação trabalhista, que garanta extensa proteção social ao trabalhador;
Promover iniciativas de reestruturação sindical para equilibrar a relação entre trabalhador e empregador;
Fomentar programas de geração de emprego;
Aumentar o salário mínimo para retomar o poder de compra da população;
Reconstruir e fortalecer o Sistema Único de Assistência Social (SUAS);
Retomar e fortalecer o programa Bolsa Família;
Investir em educação, desde a básica à superior;
Criar um programa para nivelar o aprendizado de alunos que tiveram o ensino defasado por inúmeros fatores;
Aprimorar o SUS;
Investir em políticas de incentivo à valorização da cultura;
Valorizar o profissional de segurança pública;
Debater uma nova política de drogas;
Criar políticas de proteção à mulher;
Promover o desenvolvimento econômico sustentável e com estabilidade;
Promover uma agenda sustentável para combater as mudanças climáticas.
Jair Bolsonaro, PL — vice: Walter Braga Netto (PL)
Jair Bolsonaro, candidato à Presidência pelo PL
© Foto / Divulgação
Nascido em Glicério, interior de São Paulo, Jair Bolsonaro foi registrado dez meses depois, em Campinas (SP). Iniciou sua carreira política em 1988, após ganhar projeção como militar que defendia salários mais altos para soldados e oficiais de baixa patente. Naquele ano, se elegeu vereador pelo Rio de Janeiro, pelo PDC. Em 1990, foi eleito para seu primeiro de um total de sete mandatos como deputado federal. Bolsonaro deixou a Câmara dos Deputados em 2018, quando concorreu e venceu o pleito para presidente da República.
Assim como Ciro Gomes, Bolsonaro passou por uma gama de partidos após deixar o PDC: PPR (1993–1995); PPB (1995–2003); PTB (2003–2005); PFL (2005); PP (2005–2016); PSC (2016–2017); PSL (2018–2019); e PL (2021–atual). Bolsonaro ainda não divulgou seu programa de governo, mas já anunciou algumas de suas propostas em coletivas e na convenção do PL que oficializou sua candidatura.
Caso reeleito, suas propostas são:
Manter o Auxílio Brasil em R$ 600;
Aumentar o investimento em energia limpa;
Vender energia limpa para outros países;
Fomentar a reindustrialização do Nordeste;
Dar continuidade à privatização de estatais;
Combater a corrupção;
Combater a "ideologia de gênero";
Combater o comunismo;
Defender os valores da família;
Recriar até três ministérios (Segurança Pública, Indústria e Comércio e Pesca);
Implementar no Brasil o modelo de lei de porte de armas dos EUA, incentivando mais licenças de armas a colecionadores, atiradores e caçadores (CACs);
Seguir incluindo militares no governo.