Panorama internacional

Na África, EUA falam em alternativa para nações africanas, mas ouvem resposta desanimadora

"O direito de fazer essas escolhas pertence aos africanos, e somente aos africanos", disse Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, ao lançar uma nova estratégia para a África.
Sputnik
O funcionário do governo norte-americano fez um discurso, nesta terça-feira (9), durante o lançamento da nova estratégia de Washington para a África subsaariana, na Universidade de Pretória, na África do Sul.
Em um movimento descrito pelo South China Morning Post como um contrapeso à influência russa e chinesa na África, Blinken disse que os EUA "pressionarão por projetos focados em saúde, infraestrutura digital, empoderamento de mulheres e meninas, energia e clima".

"Os EUA não vão forçar os países africanos a escolher entre eles e seus rivais, particularmente China e Rússia, mas oferecerão uma alternativa mais construtiva", disse o secretário de Estado dos EUA.

Ao lado de Naledi Pandor, ministra das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, Blinken ouviu que a Rússia é um "parceiro econômico significante para a África do Sul" e que seu discurso soava "paternalista", principalmente quando países europeus buscam aliados para forçar uma condenação à Rússia.
A ministra das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, Naledi Pandor, acompanhada do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, fala a membros da mídia depois de se reunir no Departamento Sul-Africano de Relações Internacionais e Cooperação, em Pretória, na África do Sul, em 8 de agosto de 2022

"Uma coisa que eu não gosto é que me digam 'ou você escolhe isso ou então...'", disse Pandor a repórteres ao lado de Blinken, após conversas bilaterais.

Durante o briefing, ela atacou os EUA com uma acusação de dois pesos e duas medidas e disse que ninguém na África do Sul apoiou o conflito na Ucrânia, mas que as regras do direito internacional não estão sendo aplicadas igualmente.

"Devemos estar igualmente preocupados com o que está acontecendo com o povo da Palestina como estamos com o que está acontecendo com o povo da Ucrânia", disse.

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Blinken falou ainda sobre os programas de investimento externo dos EUA, que estão colocando US$ 300 milhões (R$ 1,53 bilhão) "em financiamento para desenvolver, construir e operar data centers em toda a África".
Além disso, os EUA concederam recentemente um contrato de US$ 600 milhões (R$ 3,07 bilhões) para construir um cabo de telecomunicações submarino que se estenderá por mais de 17 mil quilômetros, do Sudeste Asiático ao Oriente Médio, fornecendo conexões de alta velocidade.
A viagem de Blinken à África é feita logo após a visita do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, ao Egito, Etiópia, Uganda e República do Congo, no mês passado. O Departamento de Estado tem como estratégia conter os "esforços russos" na região.
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Vale lembrar que Moscou é o maior fornecedor de armas e equipamentos militares da África e também fez incursões nos setores de petróleo, gás, mineração e energia nuclear. Em sua última viagem, Lavrov destacou que "a Rússia e seus parceiros africanos estão trabalhando para reduzir consistentemente a proporção do dólar e do euro no comércio mútuo".

Ataques à China

Em um ataque à iniciativa chinesa na região, Antony Blinken ponderou que o mundo viu as consequências "quando os acordos internacionais de infraestrutura são corruptos e coercitivos, quando são mal construídos ou ambientalmente destrutivos, quando atingem ou abusam de trabalhadores ou sobrecarregam os países com dívidas esmagadoras".
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Autoridades dos EUA usam essas declarações para descrever os efeitos da multibilionária Iniciativa do Cinturão e Rota, da China, que levou à construção de megaprojetos de infraestrutura, incluindo portos, rodovias, barragens de energia e ferrovias, na África.
Autoridades chinesas negaram várias vezes as alegações de que Pequim está sobrecarregando ou prendendo países com empréstimos que não podem pagar.
Para combater a iniciativa, o presidente dos EUA, Joe Biden, liderou o G7 no lançamento da Parceria para Infraestrutura e Investimento Global, em junho, que visa mobilizar US$ 600 bilhões (R$ 3,14 trilhões) globalmente para projetos concretos nos próximos cinco anos.
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