Quatro dias antes da viagem da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA Nancy Pelosi a Taiwan, o líder chinês Xi Jinping avisou o presidente americano Joe Biden de que os EUA estavam "brincando com o fogo".
Em uma tentativa de reduzir a dependência da ilha, o governo dos EUA investirá bilhões de dólares em projetos para desenvolver capacidades domésticas de semicondutores. No entanto, o ex-diplomata dos EUA Chas Freeman acredita que a China pode estar em melhor posição a longo prazo para ingressar nesse exigente mercado, na corrida pela autossuficiência em microchips.
"Os Estados Unidos têm capacidade e recursos para superar a China, mas ainda não o fizeram", disse Freeman à Sputnik. "Pelo contrário, 19 das 20 empresas de semicondutores com crescimento mais rápido do mundo estão na China continental e nenhuma nos Estados Unidos".
No ano passado, a economia dos EUA perdeu US$ 240 bilhões devido à escassez global de microchips, e uma guerra por Taiwan seria ainda mais devastadora para os EUA devido à sua dependência de um único fornecedor: a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) a maior fábrica independente de semicondutores do mundo.
Em 2021, a TSMC foi responsável por mais de metade do mercado de fabricação de semicondutores, avaliado em US$ 100 bilhões (R$ 507 bilhões), e produz mais de 90% dos microchips mais avançados do mundo, de acordo com o grupo de pesquisa Capital Economics.
Gigantes de tecnologia dos EUA como Apple, Intel, NVIDIA, Qualcomm, AMD e Broadcom, todos dependem da TSMC, enquanto o próprio governo dos EUA depende do fornecedor taiwanês para alguns de seus sistemas mais críticos e complexos.
Além disso, a TSMC fabrica semicondutores para sistemas de armas de ponta e uma ampla gama de dispositivos militares.
Freeman, que preside uma empresa internacional de desenvolvimento de negócios, disse que as aspirações de Pequim vão além do simples desenvolvimento de capacidades de fabricação.
"Os EUA ainda lideram no desenvolvimento de chips, mas a China também está reduzindo essa lacuna rapidamente e já está a apenas um ano ou dois de nós", observou o ex-diplomata.