Varsóvia está atualmente desenvolvendo um projeto de proposta que permitiria à União Europeia (UE) recusar vistos para viajantes russos, disse o vice-chanceler polonês Piotr Wawrzyk à agência de notícias PAP neste domingo (14). Uma decisão sobre o assunto pode ser esperada ainda nas próximas semanas.
O vice-ministro não deu detalhes exatos da proposta, que ainda está em andamento, mas disse que seu objetivo é evitar a resistência potencial de alguns membros-chave da UE que provavelmente vão se opor a uma proibição geral de vistos para todos os russos.
A Polônia é a favor da suspensão total do acordo de 2007 entre Bruxelas e Moscou sobre "a facilitação da emissão de vistos". Este tratado regula a emissão de vistos "para uma permanência prevista de não mais de 90 dias por período de 180 dias" para os cidadãos da Rússia e da UE.
No entanto, de acordo com Wawrzyk, nem todos os membros da UE estão de acordo com tal iniciativa. "Isso é contestado por grandes Estados-membros, incluindo Alemanha, França e Países Baixos", disse ele. Como é "impossível superar a resistência desses países em suspender o acordo [...] a Polônia está trabalhando em uma nova solução", acrescentou.
Varsóvia já mantém conversações com alguns Estados-membros da UE "há várias semanas", disse o vice-ministro, acrescentando que Letônia, Lituânia, Estônia, República Tcheca e Eslováquia estão alinhadas com a abordagem da Polônia sobre o assunto. "Podemos esperar uma decisão sobre este assunto nas próximas semanas", disse Wawrzyk.
A autoridade saudou as decisões de Tallinn e Riga de suspender ou limitar a emissão de vistos para russos. "Antes tarde do que nunca", disse ele, acrescentando que a Polônia não emite vistos de turista para russos há vários meses. Varsóvia só admite diplomatas, motoristas de caminhão que viajam para a Polônia a trabalho e familiares de cidadãos poloneses e da UE.
No início desta semana, a República Tcheca, que detém a presidência rotativa da UE, disse que pressionaria por uma proibição geral do bloco aos russos. Os membros da união vão discutir a questão em uma cúpula ministerial em Praga, no final de agosto.
A Letônia parou de emitir vistos para quase todos os cidadãos russos no início deste mês, citando preocupações de segurança. A Estônia disse, na quinta-feira (11), que faria o mesmo. Tallinn também planeja proibir a entrada de atuais titulares russos de vistos estonianos a partir de 18 de agosto. A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, chamou a viagem para a Europa "um privilégio, não um direito humano" na semana passada, ao pedir a outros Estados-membros que sigam o exemplo.
O governo da Finlândia, que defende a mesma medida, deve discutir possíveis limites na emissão de vistos para russos na próxima terça-feira (16), informou a emissora finlandesa YLE.
A Alemanha tem sido uma das poucas nações europeias, até agora, que se opõem a tal medida. O chanceler Olaf Scholz expressou ceticismo sobre uma possível proibição geral, argumentando que diminuiria a eficácia de outras sanções ao visar "pessoas inocentes".
Moscou criticou as medidas propostas como "nacionalismo flagrante" e xenofobia. O Kremlin também expressou sua esperança de que o "senso comum" prevaleça com o tempo.