A caso de Julian Assange, fundador do WikiLeaks e responsável por denunciar diversos crimes dos EUA no Oriente Médio, ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (15), após um grupo de advogados e jornalistas terem processado a CIA.
Eles alegam, segundo a Reuters, que a agência de inteligência os espionou quando visitaram Julian Assange, durante sua estada na embaixada do Equador, em Londres.
O processo dizia que a CIA, sob o comando de Pompeo, violou os direitos de privacidade desses jornalistas e advogados americanos ao supostamente espioná-los. Os demandantes incluem os jornalistas Charles Glass e John Goetz, e as advogadas Margaret Kunstler e Deborah Hrbek, que representaram Assange.
O documento dizia que os jornalistas e advogados foram obrigados a entregar seus dispositivos eletrônicos à Undercover Global SL, uma empresa de segurança privada que na época fornecia segurança à embaixada, antes de suas visitas a Assange. O processo alega que a empresa copiou essas informações e as forneceu à CIA, que era então chefiada por Pompeo.
"A Constituição dos Estados Unidos protege os cidadãos americanos de excessos do governo dos EUA, mesmo quando as atividades ocorrem em uma embaixada estrangeira em um país estrangeiro", disse Richard Roth, o principal advogado que representa os queixosos.
A CIA se recusou a comentar o processo. Ela é proibida de coletar informações sobre cidadãos americanos, embora vários legisladores tenham alegado que a agência mantém um repositório secreto de dados de comunicações dos americanos.
Caso Assange
Assange passou sete anos na embaixada do Equador em Londres, no Reino Unido, antes de ser preso em 2019. Ele é acusado nos EUA de espionagem e divulgação, desde 2010, de centenas de milhares de páginas de documentos militares secretos e mensagens diplomáticas sobre as atividades de Washington nas guerras do Iraque e do Afeganistão.
Julian Assange foi detido em abril de 2019 na embaixada equatoriana na capital britânica, onde estava desde agosto de 2012, depois que Quito retirou sua imunidade diplomática.
Apesar de terem sido levantadas algumas preocupações sobre a saúde mental e possibilidade de suicídio do fundador do WikiLeaks em meio às suas condições de detenção, em 17 de junho Priti Patel, ministra do Interior do Reino Unido, aprovou sua extradição aos EUA, decisão da qual Assange recorreu.
As 18 acusações que enfrenta nos EUA podem lhe dar uma sentença máxima de 175 anos de reclusão. Ele já cumpriu três anos na prisão de Belmarsh, em Londres, enquanto aguarda a extradição.
Diversas entidades que prezam pelo jornalismo independente são críticos à prisão de Assange, argumentando que seu trabalho denuncia e exemplifica a deterioração das normas de liberdade de imprensa ocidentais no mundo.