"Os militares querem ficar no litoral, perto das cidades grandes, por vários motivos. Primeiro, por uma questão de conforto grande, recebendo seus salários. Existe até uma presença militar em outros postos no interior, mas o cara quer ficar na Urca [Zona Sul do Rio de Janeiro]", disse o pesquisador à Sputnik Brasil, acrescentando que, com isso, o país deixa a desejar na ocupação do espaço e no monitoramento de fronteiras.
"Vai dificultar o monitoramento [das fronteiras]? Sim, pois não estão interessados em monitorá-las. Querem ficar nas grandes cidades", advertiu. "As Forças Armadas deveriam se concentrar muito mais em temas de fronteira e controle da Amazônia. A presença militar poderia servir à defesa das fronteiras e à proteção dos guardiões da Amazônia, que são os povos originários. Eles conseguem fazer a administração completa dos recursos naturais, no sentido da eficiência e da proteção e manutenção dos biomas e do meio ambiente no geral."
Sisfron está 'inutilizado' e poderia ajudar na defesa sul-americana
"O corporativismo e o sindicalismo militar drenam muito dinheiro que deveria ser aplicado em projetos estratégicos do Brasil. Então temos carência em satélites e na qualidade dos serviços para aviação comercial civil. É preciso pensar no uso dos recursos, dos aviões que a Força Aérea tem", disse o pesquisador.
"Deveríamos pensar no Sisfron e na reestatização da Embraer como elementos de base para a reformulação da base industrial de defesa sul-americana, com a implantação da Fase 2 do projeto, ampliando o espaço ocupado e coberto", disse.
"O Sisfron teria muito a contribuir para a base industrial de defesa sul-americana, mas os militares preferem ficar na Urca, em Campinas, em lugares onde tecnicamente é muito mais confortável, deixando de ocupar onde se precisa: as fronteiras e o controle do espaço aéreo, de entrada e saída", afirmou.