Militares ucranianos dispararam vários foguetes diretamente contra os sistemas de refrigeração e o local de armazenamento de resíduos nucleares dentro da usina nuclear de Zaporozhie, em Energodar, informou Vladimir Rogov.
Ele alertou que um ataque bem-sucedido pode resultar em uma liberação de radiação equivalente a uma "bomba suja".
"Um dos mísseis guiados chegou a apenas dez metros dos barris com combustível nuclear", disse Rogov ao portal Soloviev Live. "Outros atingiram um pouco mais longe, de 50 a 200 metros", acrescentou.
Como o local de armazenamento está a céu aberto, qualquer acerto resultará na liberação de resíduos nucleares, com centenas de quilos de lixo radioativo e contaminação generalizada da área, explicou o funcionário.
Embora o reator em si só possa ser destruído com uma arma nuclear tática, os sistemas de refrigeração e armazenamento de resíduos são mais vulneráveis e suscetíveis a maiores danos, podendo facilmente causar um desastre.
Ele lembrou que as tropas ucranianas já dispararam "várias dúzias" de projéteis pesados contra os sistemas de refrigeração. "Se eles conseguirem desabilitar tal sistema, poderiam produzir um colapso maior do que a catástrofe de 1986 em Chernobyl", alertou.
A usina nuclear de Zaporozhie está localizada na margem esquerda do rio Dniepre, perto da cidade de Energodar. Com seis unidades, é a maior e a mais poderosa usina nuclear da Europa.
Ela está, desde março, sob a proteção dos militares russos para prevenir o vazamento de material radioativo, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Desde o início de agosto, as tropas ucranianas intensificaram o bombardeio contra a usina nuclear. Segundo Vladimir Rogov, os militares das Forças Armadas ucranianas têm usado mísseis guiados e projéteis de fabricação ocidental durante os ataques.
Os ataques já danificaram a linha de alta tensão da subestação de Kakhovskaya, sendo que os funcionários tiveram que reduzir a capacidade de duas unidades de energia.
Kiev nega a responsabilidade pelo bombardeio da usina e insiste que é a Rússia que a está atacando em um plano para desacreditar a Ucrânia. O Departamento de Estado dos EUA ficou do lado de Vladimir Zelensky, presidente da Ucrânia, e pediu a retirada das forças russas da área e a criação de uma zona desmilitarizada ao redor da usina.
Embora essa solução tenha sido apoiada pela ONU e pela União Europeia (UE), Rogov insiste que o Ocidente deveria estar trabalhando para estabelecer um cessar-fogo.
O representante permanente da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, apontou que, se as forças russas deixassem a usina, ela ficaria vulnerável à ação de Kiev e qualquer tipo de provocação para culpar a Rússia poderia ser feita.