Segundo Kovanda, é provável que Berlim recorra a tal passo devido à seca grave que afeta o país e à diminuição do caudal do rio Reno, o que dificulta a passagem de navios e o fornecimento de carvão para as usinas elétricas alemãs.
"Isso aumenta de forma significativa a probabilidade de a Alemanha, no outono ou no inverno, se encontrar em uma situação ainda mais grave, sendo provável que ela recorra à partilha de energia ou ao lançamento do famoso gasoduto Nord Stream 2", supõe Kovanda.
Na opinião do analista, as dificuldades que a Alemanha possa enfrentar podem beneficiar Moscou.
"Os verdes e os ambientalistas, incluindo os políticos alemães, estão tentando atribuir o aumento súbito dos preços da energia a Vladimir Putin ou, mais precisamente, à sua operação especial na Ucrânia. Na realidade, se trata dos efeitos do fracasso total das políticas de energia promovidas por eles, conhecidas como 'transição energética'. Foi ela que de forma fatal fortaleceu a dependência alemã do gás russo", salientou o economista.
O gasoduto Nord Stream 2 se estende por 2.460 quilómetros, atravessando o fundo do mar Báltico. Tem capacidade para bombear anualmente 55 bilhões de metros cúbicos de gás da Rússia para a Alemanha. A infraestrutura estava pronta para operar já em setembro de 2021, mas em 22 de fevereiro de 2022 o chanceler alemão Olaf Scholz interrompeu a certificação do novo gasoduto.