Na quinta-feira (18), empresários e políticos da Venezuela e da Colômbia se reuniram na cidade colombiana de Cúcuta – município onde fica o principal ponto de travessia entre os dois vizinhos – para descongelar relações econômicas praticamente paralisadas há três anos, segundo o jornal Valor Econômico.
Com o empenho de ambas as partes para que o comércio bilateral seja fortificado e plenamente reestabelecido, analistas estão revendo as projeções para o fluxo comercial total entre Caracas e Bogotá neste ano salte de US$ 600 (R$ 3,1 bilhões) milhões para US$ 1,2 bilhão (R$ 6,2 bilhões).
"Vamos instalar uma comissão, que chamamos de mesa de diálogo produtivo, para definir com nossos parceiros colombianos a retomada do comércio e resolver todos os gargalos que possam surgir", disse Luigi Pisella, presidente do Conselho Venezuelano da Indústria (Conindustria) a jornais locais segundo a mídia.
Atualmente, a Venezuela responde por menos de 1% das exportações registradas da Colômbia, embora todos os tipos de mercadorias, legais ou não, sejam transportados através da fronteira e nas duas direções por contrabandistas, sublinha o jornal.
"Os colombianos, hoje, são menos dependentes do que já foram das commodities energéticas da Venezuela, mas as economias entre os dois países ainda são complementares. A sucateada indústria venezuelana é muito dependente de importações, principalmente de commodities agrícolas da Colômbia [...].", afirmou Daniel Lansberg-Rodríguez, especialista em economia latino-americana da Northwestern University's Kellogg School of Management citado pela mídia.
Ainda segundo o especialista, uma postura mais aberta de Caracas neste momento favorece a reaproximação. Ao mesmo tempo, por parte de Bogotá, faz parte da promessa de campanha do recém-presidente, Gustavo Petro, de normalizar as relações com o país vizinho.
No entanto, o professsor da Universidade de Los Andes de Bogotá, Gabriel Murillo, destaca para o fato de que essa reaproximação tem que ser feita de forma cautelosa afim de não chamar atenção dos EUA.
"O desafio de Petro está agora em solucionar a difícil equação de se aproximar de Caracas, mas sem atrair a irritação de Washington. A posição do governo de Joe Biden sobre se mantém ou não o isolamento do regime de [Nicolás] Maduro tem sido bastante dúbia e qualquer movimento requer cautela", afirmou o professor.