"O país está enfrentando uma crise humanitária. Muitas pessoas podem enfrentar a terrível escolha entre pular refeições para aquecer suas casas e ter que viver em condições frias, úmidas e muito desagradáveis. Isso, por sua vez, pode levar a surtos de doenças e enfermidades em todo o país e ampliar as desigualdades na saúde, piorar as chances de vida das crianças e deixar uma cicatriz indelével nas comunidades locais", disse o chefe da Confederação do NHS, Matthew Taylor, em comunicado.
A situação é causada pelo aumento dos preços da energia, diz o comunicado, acrescentando que o Reino Unido já está vendo um aumento de doenças e piora no quadro da saúde.
Sobre a questão, a Confederação do NHS, em nome dos líderes do NHS em todo o país, escreveu uma carta ao chanceler do Tesouro, Nadhim Zahawi, instando o governo a limitar os aumentos de preços e fornecer apoio a pessoas e famílias necessitadas.
"Esses surtos ocorrerão no momento em que o NHS provavelmente passará pelo inverno mais difícil já registrado", adicionou.
De acordo com o comunicado, o NHS está preocupado que a pobreza generalizada de combustível aumente o já alto número de mortes anuais associadas à falta de aquecimento nas casas.
Uma pesquisa do YouGov encomendada pela Times Radio nesta semana descobriu que milhões de britânicos reduziram a alimentação desde que a escassez global de alimentos e o aumento dos custos de energia fizeram com que os preços dos alimentos disparassem no Reino Unido no ritmo mais rápido em quatro décadas. De acordo com os dados, 16% dos entrevistados pulavam refeições regularmente para economizar dinheiro, enquanto quatro em cada dez colocavam alimentos que costumavam comprar de volta na prateleira por motivos financeiros.
Cerca de 50% das pessoas da amostragem de 8 a 9 de agosto disseram que tiveram que reduzir as refeições em cafés e restaurantes em um esforço para equilibrar seu orçamento, pois o custo de vida continua subindo em todo o país.
O Times disse que os preços dos alimentos ficaram em segundo lugar depois do transporte como o principal fator por trás do aumento da inflação. Algumas famílias reclamaram que não podiam mais pagar suas compras semanais.
Além disso, nesta semana o prefeito de Londres, Sadiq Khan, expressou preocupação de que o aumento do custo de vida possa levar ao aumento da criminalidade.
"Estou preocupado com um potencial aumento da violência neste verão, à medida que a crise do custo de vida se aprofunda e ameaça reverter o progresso que fizemos no combate aos crimes violentos", disse Khan.
De acordo com o prefeito, mais de 50% dos tiroteios em Londres e quase 25% dos homicídios são cometidos por gangues, então os esquemas de combate às gangues estão sendo aumentados em £ 2 milhões (cerca de R$ 12,3 milhões).
O Escritório de Estatísticas Nacionais do Reino Unido disse que a inflação anual atingiu alta recorde nos últimos 40 anos, subindo de 9,4% em junho para 10,1% em julho. A economia do Reino Unido deve entrar em recessão a partir do quarto trimestre do ano, de acordo com o Banco da Inglaterra.