Panorama internacional

'Tentativas de incorporar a Ucrânia à OTAN foram provocação', afirma historiador norte-americano

Apoiando Kiev e formando uma coalizão de países ocidentais, os EUA estão tentando enfraquecer ao máximo as posições da Rússia, disse em uma entrevista para o jornal El Universal o filósofo, historiador e linguista norte-americano Noam Chomsky.
Sputnik
Segundo Chomsky, Washington não quer que Moscou resolva a crise ucraniana por meios diplomáticos. Tal decisão de enfraquecer a Rússia, lembrou o filósofo, foi tomada pela OTAN durante a cúpula na base aérea de Ramstein, na Alemanha.

"Nesta cúpula, a aliança, incluindo a União Europeia, adotou a posição oficial dos EUA, de acordo com a qual a Rússia deve ser enfraquecida até que deixe de poder efetuar ações de grande envergadura. Se pensarmos bem, isso significa que é preciso enfraquecer Moscou mais do que o Tratado de Versalhes enfraqueceu a Alemanha. Eles desejam minar o poder da Rússia de forma ainda mais séria – para que ela não possa conduzir negociações e usar a diplomacia", especificou Chomsky.

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O pesquisador se mostrou decepcionado com a prontidão dos países europeus de incondicionalmente seguirem as decisões da Casa Branca a fim de evitarem o status de "traidores" dos valores ocidentais.
"Agora a Europa apoia este ponto de vista. Os norte-americanos têm sempre seguido tal política, mas a Alemanha e a França realizavam um processo diplomático um pouco contrário. Contudo, nesta cúpula, elas simplesmente tomaram a posição dos Estados Unidos", escreveu o perito.
Chomsky também salientou o caráter injusto de tal atitude em relação ao conflito ucraniano, lembrando sobre os métodos norte-americanos de impor a sua ordem no Iraque, Síria e Líbia. Ele também criticou a maneira como os acontecimentos na Ucrânia estão sendo cobertos pela mídia.

"É muito interessante seguir o que diz a mídia norte-americana. Nela, o que está acontecendo na Ucrânia está sendo chamado constantemente de conflito 'não provocado' (...) Se pesquisarmos no Google a frase ‘invasão não provocada do Iraque’, veremos que ninguém chama assim. No entanto, no caso da Ucrânia, deve-se chamar isso para disfarçar o fato de que foi claramente provocado conscientemente", sublinhou.

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Chomsky chamou de "provocação" o desejo de Washington de incorporar a Ucrânia à Aliança Atlântica, apesar dos constantes protestos por parte de Moscou e de avisos de diversos políticos experientes norte-americanos.

"Ainda há 30 anos – muito antes de Putin – muitos deram a entender que a adesão da Ucrânia à OTAN, uma aliança militar hostil, assinalaria que o limite foi atravessado, e nenhum líder russo o aceitaria. Nem Gorbachev, nem Yeltsin, nem Putin. Certos altos representantes dos EUA entenderam isso: George Kennan, Henry Kissinger, Jack Matlock, bem como o diretor da inteligência dos EUA William Burns. A partir dos anos 90, eles têm avisado os dirigentes norte-americanos de que as tentativas de incorporar a Ucrânia à OTAN seriam uma demonstração de imprudência e provocação", afirmou Chomsky.

Desde 24 de fevereiro, a Rússia tem conduzido uma operação militar especial na Ucrânia. Segundo o presidente russo Vladimir Putin, além do objetivo de desnazificar e desmilitarizar o país, a Rússia visa impedir que a OTAN se aproxime mais de suas fronteiras. Várias entidades públicas russas têm inúmeras vezes salientado que, desde a sua fundação, a OTAN só visa o confronto, enquanto o próprio bloco militar se recusou a fornecer à Rússia garantias de segurança.
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