"[O acordo] não é válido, porque nem foi finalizado. Não respeita o que eu quero para o Brasil. [...] a negociação tem que ser algo em que todos ganham. Não pode um ganhar e o outro não, não queremos abrir mão do nosso interesse em reindustrializar", disse Lula nesta segunda-feira (22), em entrevista coletiva com correspondentes estrangeiros em São Paulo.
Lula afirmou que "não é preciso ter pressa" para negociar e chegar a um novo acordo, advertindo que as bases do que é importante para a Europa devem ser ajustadas se levando em conta o que é importante para os países da América do Sul.
Segundo ele, a reindustrialização do país será uma de suas prioridades caso seja eleito em outubro. O ex-presidente lembrou que, em 40 anos, o setor industrial caiu de 30% do produto interno bruto (PIB) para apenas 11%.
Citando a Argentina, Lula aponta que tanto o Brasil como outros países têm o direito de cuidar de sua indústria, em "uma relação mais civilizada, onde todos podem ganhar".
O petista se mostrou confiante de que o cenário para uma possível renegociação será positivo, já que a Europa vive uma época de incertezas. Segundo ele, a América do Sul pode representar "um sopro de calma e possibilidades" para os países europeus.
O acordo entre a União Europeia e o Mercosul foi assinado em junho de 2019, duas décadas após o início das negociações, mas não entrou em vigor, pois exige a ratificação de todos os países-membros da UE.
Pelos termos acordados, os sul-americanos teriam mais facilidade para exportar produtos agrícolas para a Europa, que, em contrapartida, seria beneficiada com a comercialização de manufaturados aos países do Mercosul. Se estabelecida, a relação econômica pode prejudicar as indústrias locais, especialmente de Brasil e Argentina, os Estados mais industrializados do bloco.