Em recente estudo divulgado pela Science Alert, astrônomos conseguiram analisar os dados que produziram as imagens do buraco negro para que pudéssemos entender seu fenômeno com maior riqueza de detalhes.
A imagem gerada pelo EHT não mostra o brilho do buraco negro — já que buracos negros não emitem luz — nem o brilho produzido pelos jatos de plasma e gás superaquecidos ao redor do buraco negro. Em vez disso, a imagem mostra a luz de rádio que foi focada pelo buraco negro.
O buraco negro em M87 é banhado pela luz do gás próximo, incluindo a luz em frequência de rádio. Quando um determinado feixe de luz passa perto do buraco negro, a deformação do espaço-tempo faz com que ele mude um pouco de direção.
A ligeira deflexão da luz de estrelas e galáxias já havia sido observada várias vezes, mas perto de um buraco negro a luz pode mudar de direção significativamente.
Esta é a primeira imagem de Sagitário A*, o buraco negro supermassivo no centro da nossa galáxia
© Foto / EHT
De acordo com os pesquisadores, ela poderia dar a volta para fazer uma curva em ângulo reto, ou até mesmo acabar voltando na direção de que veio. Quanto mais próximo o caminho do buraco negro, mais radical a mudança de direção.
A luz está passando perto do buraco negro em todas as direções, mas da nossa perspectiva só podemos ver a luz que está focada em nós. Qualquer raio de luz que circule ao redor do buraco negro e se dirija em nossa direção, devemos ser capazes de o ver.
A descoberta, no entanto, sugere que o buraco negro pode atuar como uma lente muito forte. A luz pode passar extremamente perto do buraco negro e se concentrar diretamente em nossa direção. Então, o que devemos ver é um fino círculo de luz conhecido como anel de fótons.
O anel de fótons de M87 com espaço calculado
© Foto / Broderick et al.
Parte da luz será mais brilhante, já que a rotação do buraco negro também aumenta a energia da luz. O tamanho do anel depende da massa do buraco negro, e o brilho da região mais brilhante depende da rotação do buraco negro.
Portanto, o que vemos na imagem do buraco negro pode ser dividido em duas perspectivas do ponto de vista da luz. Uma é a do próprio anel de fótons, e a outra é o brilho embaçado da região circundante. Usando novos algoritmos de imagem, a equipe conseguiu separar as duas, revelando o anel de fótons do buraco negro.
A pesquisa demonstra que as observações astronômicas modernas reúnem tantos dados que muitas vezes há muito mais informações do que poderíamos suspeitar. À medida que aprendemos a processar dados de forma mais eficaz, podemos revelar detalhes que antes eram desconhecidos.