A segunda rodada de negociações de segurança "dois mais dois" (2+2) envolvendo ministros das Relações Exteriores e da Defesa japoneses e indianos, e o funeral do ex-primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, devem promover a maior cooperação jamais vista entre Japão e Índia.
De acordo com observadores ouvidos pela agência de notícias Global Times, os países asiáticos não deveriam, no entanto, visar a China como alvo de sua cooperação, explorando assim uma estratégia ultrapassada de confronto geopolítico.
Segundo a mídia japonesa Kyodo News, autoridades do governo japonês disseram, na quarta-feira (24), que o primeiro-ministro indiano Narendra Modi planeja comparecer ao funeral de Abe marcado para o dia 27 de setembro em Tóquio.
Para a mídia, Modi, "que tinha um relacionamento próximo com Abe", vai se reunir com o primeiro-ministro Fumio Kishida durante a visita, porém o meio de comunicação indiano The Hindu enfatizou que o lado indiano ainda não anunciou a visita e citou um alto funcionário dizendo que a visita é "possível".
A mídia indiana também afirmou que Abe era amplamente reconhecido como a força motriz por trás da estratégia no Indo-Pacífico do mecanismo Quad (grupo de quatro países composto por EUA, Austrália, Índia e Japão) que "tentou reordenar o domínio marítimo que se estende desde o Oceano Índico até o mar do Sul da China e além."
Enquanto isso, os dois países também planejam realizar a segunda rodada de negociações de segurança "2+2", lançada ainda em 2019, no dia 8 de setembro, em Tóquio.
Espera-se que os exercícios conjuntos envolvendo as Forças de Autodefesa Japonesas e os militares indianos sejam tema nas conversas de segurança ministeriais, de acordo com a reportagem da mídia japonesa.
Nos últimos anos, os dois países asiáticos fortaleceram seu relacionamento, especialmente durante o mandato de Abe, com um objetivo principal evidente de tentar arduamente conter o desenvolvimento pacífico da China na região.
No entanto, diferentemente do Japão, que vê sua aliança com os EUA como seu "pilar de segurança" e está cada vez mais desesperado em provocar a China em questões delicadas como a questão de Taiwan, a Índia sempre procurou manter sua independência diplomática e tem seus cálculos próprios na região, enfatizou o diretor do departamento de pesquisa do Instituto Nacional de Estratégia da Universidade de Tsinghua, Qian Feng.
Enquanto os EUA e o Japão não poupam esforços para acelerar ainda mais a chamada estratégia Indo-Pacífico através do mecanismo Quad, a Índia tentaria impedir que ela confrontasse abertamente a China, pois não é do interesse da Índia tomar partido entre grandes potências, disse Qian.