Eleições 2022

Lula promete recuperação econômica e fala em 'pacificar o país' em entrevista

Nesta quinta-feira (25), o ex-presidente e novamente candidato ao Planalto Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participou de uma série de entrevistas com presidenciáveis na TV Globo. Entre vários temas, Lula reforçou comprometimento no combate à corrupção, criticou o governo de Jair Bolsonaro (PL) e prometeu uma recuperação econômica inclusiva.
Sputnik
Lula tenta seu terceiro mandato presidencial. O líder do PT governou o Brasil entre 2003 e 2010 e foi o segundo colocado em outras três eleições, sendo figura importante em todas as eleições presidenciais diretas desde a redemocratização. O ex-presidente atualmente está à frente das pesquisas de intenção de voto, seguido do presidente Bolsonaro.

Recuperação econômica e política

Durante a entrevista, ao ser questionado sobre como recuperar a economia brasileira, Lula afirmou que pretende garantir "credibilidade, previsibilidade e estabilidade" em sua política econômica para assegurar a recuperação da economia no país. O ex-presidente ressaltou o papel de Geraldo Alckmin (PSB) em sua chapa presidencial nessa dinâmica para dar uma "demonstração à sociedade brasileira de que a política não tem que ter ódio".
"Farei uma gestão de acordo com aquilo que nós construímos. Eu, hoje, tenho dez partidos junto comigo, e ainda tenho a experiência do ex-governador [Geraldo] Alckmin comigo. Muita gente pensava um ano atrás que era impossível o Lula se juntar com Alckmin. E eu me juntei para dar uma demonstração para a sociedade brasileira, que política não tem que ter ódio", afirmou.
Lula também prometeu boas relações com o agronegócio e elogiou o papel do Movimento dos Sem Terra (MST) na produção de alimentos orgânicos.

"O MST está fazendo uma coisa extraordinária, está cuidando de produzir, não sei se você sabe, o MST hoje tem várias cooperativas, o MST é o maior produtor de arroz do Brasil. Você tem que visitar uma cooperativa do MST, você vai ver que aquele MST de 30 anos atrás não existe mais", disse.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa de evento de lançamento de sua pré-candidatura à presidência na chapa ao lado do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), em São Paulo, 7 de maio de 2022

Combate à corrupção

A entrevista teve diversos questionamentos sobre corrupção durante governos do PT. Os jornalistas afirmaram que, apesar de que Lula não deve mais nada à Justiça, houve casos de corrupção durante as gestões petistas e perguntaram ao candidato o que fará para combater esse tipo de crime em um eventual governo. Em resposta, Lula afirmou que os governos petistas garantiram condições de investigação e combate à corrupção.

"A corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada", disse Lula. "A Polícia Federal recebeu no meu governo mais liberdade do que em qualquer outro momento da história". "A Lava Jato ultrapassou o limite da investigação e entrou na política", afirmou.

Lula também afirmou que a Lava Jato causou prejuízos financeiros à economia brasileira. "No Brasil se quebrou a indústria de engenharia que levamos quase um século para construir", afirmou o ex-presidente, afirmando que as investigações de corrupção não teriam preservado empresas e empregos.

"O que eu acho maravilhoso é denunciar a corrupção. O que é grave é quando a corrupção fica escondida. Por isso que eu acho importante uma imprensa livre. Por isso que eu acho importante uma Justiça eficaz. Porque se tiver um problema de corrupção, tem que ser denunciado", disse Lula.

Lula discursa em ato de lançamento da sua pré-candidatura à presidência da República, em 7 de julho, no Rio de Janeiro
Em 2018, Lula foi impedido de lançar sua candidatura após ser condenado em segunda instância e preso no âmbito da operação Lava Jato. O ex-presidente foi solto em 2019, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que mudou o entendimento sobre a prisão em segunda instância, alterando decisão anterior da corte que possibilitou a prisão do ex-presidente. Posteriormente, em 2021, os processos contra Lula foram anulados e o ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro Sergio Moro foi considerado parcial nos processos da Lava Jato pelo STF.

Críticas ao 'orçamento secreto'

O ex-presidente classificou o uso do orçamento secreto de "escárnio" e afirmou que a prática fere o modelo presidencialismo. Segundo Lula, o orçamento secreto é uma "usurpação do poder".
Orçamento secreto é como são chamadas as polêmicas emendas do relator. Criadas em 2019, essas emendas constituem verbas que ocultam o deputado responsável pela destinação do recurso. Esses valores são repassados pelo relator do orçamento.
"Isso aqui é usurpação do poder. Ou seja, acabou o presidencialismo. Bolsonaro não manda nada. O Bolsonaro é refém do Congresso Nacional. O Bolsonaro sequer cuida do orçamento", apontou Lula, que acrescentou que essa situação faz do atual presidente um "bobo da corte".
Lula prometeu acabar com o orçamento secreto incentivando a eleição de deputados e senadores que possam ajudá-lo na tarefa e também convencendo os congressistas a abandonarem essa prática.
Ato de lançamento da pré-candidatura de Lula da Silva à presidência da República, em 7 de julho, no Rio de Janeiro

Tebet será a última entrevistada da série

Na sexta-feira (26), a Simone Tebet (MDB) será a última entrevista da série do Jornal Nacional. Além de Lula, foram entrevistados o presidente Jair Bolsonaro (PL), na segunda-feira (22), e Ciro Gomer (PDT), na terça-feira (23). A ordem das entrevistas foi decidida por meio de sorteio.
Os convidados são os mais bem colocados nas pesquisas eleitorais. Na mais recente pesquisa Datafolha, Lula liderava, com 47%, seguido de Bolsonaro, com 32%, Ciro Gomes, com 7%, e Simone Tebet, com 2%.
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