Panorama internacional

Presidentes de México, Colômbia, Bolívia e Argentina manifestam apoio integral a Cristina Kirchner

Os presidentes de quatro países latino-americanos divulgaram um manifesto na quarta-feira (24) em defesa da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner. O Ministério Público argentino pediu a condenação da dirigente a 12 anos de prisão em um processo criticado como mais um episódio de lawfare contra líderes progressistas da América Latina.
Sputnik
Andrés Manuel López Obrador (México), Luis Arce (Bolívia), Gustavo Petro (Colômbia) e Alberto Fernández (Argentina), assinaram um documento conjunto em que condenam "estratégias de perseguição judicial para eliminar opositores políticos”.

“Os signatários expressamos nosso repúdio absoluto à injustificável perseguição judicial que vem sofrendo a atual vice-presidente. [...] Manifestamos nosso mais forte apoio a Cristina Fernández de Kirchner”, afirmam no texto.

Os chefes de Estado afirmam que o objetivo desta “perseguição” é afastar a vice-presidente da “vida pública, política e eleitoral, bem como enterrar os valores e ideais que ela representa, com o objetivo final de implantar uma modelo neoliberal”.

"O assédio à vice-presidente [...] se dá por meio de acusações de seus opositores políticos, manchetes jornalísticas e irregularidades judiciais que violam o devido processo legal. [...] O Judiciário abriu inúmeros processos contra ela, muitos deles tiveram que ser arquivados diante da ausência de qualquer tipo de evidência sólida", apontam.

Os presidentes cobram "que sejam levadas em conta as conclusões do relatório da Relatoria Especial das Nações Unidas de 2019 que questionou a independência dos magistrados e advogados envolvidos em vários desses casos".
Pelas redes sociais, o presidente do Peru, Pedro Castillo, e a presidente de Honduras, Xiomara Castro, também manifestaram seu apoio à vice-presidente argentina.
O sociólogo Javier Calderón, disse à rádio Telescópio, da Sputnik, que "atacar Cristina Fernández tem o objetivo de limitar seu potencial eleitoral diante das próximas eleições, mas também busca disciplinar o governo para que se sintam impedidos de seguir as decisões dela durante esse um ano e meio que resta de gestão".
"Eles tentam tirar peso das opiniões da vice-presidente, tentam silenciá-la e que suas declarações não têm o eco que têm na sociedade argentina. Isso é muito perigoso e delicado", destacou.

"Estamos diante da renovação da perseguição judicial ou guerra judicial na América Latina, algo preocupante. Vimos isso com Lula no Brasil e sua proibição de ser candidato presidencial, o que deu a Jair Bolsonaro a possibilidade de chegar ao governo", assegurou.

Manifestantes tomaram as ruas da Argentina nesta quinta-feira (25) em defesa de Cristina Kirchner.
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O Ministério Público da Argentina solicitou, na segunda-feira (22), uma pena de 12 anos de prisão contra Kirchner por um suposto caso de corrupção envolvendo superfaturamento de obras públicas na província de Santa Cruz.
Cristina Kirchner é acusada de liderar um esquema ilícito de fraude para favorecer o empresário Lázaro Baez, que tinha uma relação próxima com os Kirchner. Baez é dono da Austral Construções, empreiteira fundada após a eleição de Néstor Kirchner e que mais venceu licitações para obras durante as gestões do ex-presidente. Segundo da denúncia, os crimes de superfaturamento de obras teriam ocorrido entre 2007 e 2015.
A partir de agora, Kirchner tem 10 dias úteis para apresentar sua defesa. O processo ainda pode levar vários meses, mas a expectativa é que o veredicto saia antes do final do ano.
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