Em maio passado, o governo do México alertou que a Organização das Nações Unidas (ONU) havia caído em um estado de "paralisia" que a impedia de ser um bom moderador entre Kiev e Moscou. Três meses depois, o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador está pronto para apresentar sua proposta de trégua nos conflitos perante a comunidade internacional.
A afirmação foi feita pelo embaixador mexicano nas Nações Unidas, Juan Ramón de la Fuente, em um encontro com a mídia no exterior do Palácio Nacional, na capital mexicana.
"Estava conversando com o senhor presidente. Ele me contou sobre a iniciativa que vai ser apresentada na ONU de formar um comitê para fortalecer as ações de mediação e diálogo em relação ao conflito na Ucrânia", disse o chefe diplomático do país da América Latina.
Como ele já havia anunciado, esse comitê seria composto por três líderes que o presidente López Obrador considera essenciais para mediar não apenas as tensões no Leste Europeu, mas também qualquer conflito internacional. Essas personalidades são o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres; o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi; e o papa Francisco.
Depois de apresentar a iniciativa, o governo do México deve reforçar sua proposta com a intervenção do chanceler Marcelo Ebrard na próxima assembleia do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que vai acontecer em meados de setembro, destacou De la Fuente.
"[As coisas no Conselho de Segurança da ONU] são muito complicadas, o mundo está muito polarizado, muito dividido. Além da guerra na Ucrânia, há conflitos armados em muitos outros países, principalmente na África. Na região há uma situação muito delicada no Haiti, onde temos um Estado falido. Em geral, o ambiente no mundo é complicado", observou o embaixador mexicano.
No início de agosto, o presidente López Obrador propôs uma "trégua global de cinco anos", na qual todas as potências deveriam concordar com um cessar-fogo e baixar as tensões, já que o planeta passa por momentos difíceis, como a crise econômica, o aumento dos preços da energia, inflação, os efeitos da pandemia de COVID-19 e a fome, especialmente na África.
Segundo o presidente do México, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, é um político adequado para participar do comitê de diálogo das Nações Unidas, já que é um dos líderes mais aprovados do mundo.
"A Índia tem cerca de 1,3 bilhão de habitantes. A China já tem 1,4 bilhão. O segundo país em população é a Índia, e esse governante [Modi] nas pesquisas, nas pesquisas que são feitas ao redor do mundo sobre os governantes, ocupa o primeiro lugar, ou seja, é ele que está melhor qualificado pelo seu povo. Imagine que um bilhão e 300 milhões o apoiem [...] Ele tem uma taxa de aceitação de 75%. Eu só estive acima dele uma vez, por meio ponto. Esse homem está governando bem e tem, segundo meus informes, um bom relacionamento com os Estados Unidos, com a Rússia e com a China", explicou López Obrador.