Cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), EUA, afirmaram ter criado um instrumento do tamanho de uma mala que está gerando com sucesso oxigênio respirável em Marte, comunicou na quarta-feira (31) o portal EurekAlert.
Trata-se da Experimento de Utilização de Recursos In-Situ de Oxigênio de Marte (MOXIE, na sigla em inglês), que pousou na superfície do Planeta Vermelho em fevereiro de 2021 como parte da missão do rover Perseverance da agência espacial norte-americana NASA.
O MOXIE coleta e utiliza dióxido de carbono em Marte para gerar oxigênio, que de outra forma teria que ser transportado da Terra.
"[...] O instrumento demonstrou ser capaz de converter de forma confiável e eficiente a atmosfera de Marte em oxigênio puro. Ele o faz ao primeiro extrair o ar marciano através de um filtro que o limpa de contaminantes. O ar é então pressurizado, e enviado através do Eletrolíster de Óxido Sólido (SOXE [na sigla em inglês), um instrumento desenvolvido e construído pela OxEon Energy, que divide eletroquimicamente o ar rico em dióxido de carbono em íons de oxigênio e monóxido de carbono."
"Os íons de oxigênio são então isolados e recombinados para formar oxigênio respirável molecular, ou O2, quantidade e pureza é medida em seguida pelo MOXIE, antes de liberá-lo inofensivamente de volta ao ar, junto com o monóxido de carbono e outros gases atmosféricos", explica o EurekAlert sobre o estudo publicado na revista Science Advances.
Os pesquisadores dizem que, no final do ano passado, o MOXIE foi capaz de produzir oxigênio em sete ocasiões, várias condições atmosféricas, inclusive durante o dia e a noite, e diferentes estações marcianas. Em todas essas ocasiões o instrumento atingiu sua meta de produzir seis gramas de oxigênio por hora, semelhante à taxa de uma árvore de tamanho modesto na Terra.
"Esta é a primeira demonstração do verdadeiro uso de recursos na superfície de outro corpo planetário, e de sua transformação química em algo útil para uma missão humana. É histórica nesse sentido", disse Jeffrey Hoffman, vice-investigador principal do MOXIE.
A esperança dos cientistas agora é que uma versão ampliada do MOXIE possa ser enviada a Marte para produzir continuamente oxigênio a uma taxa equivalente a várias centenas de árvores antes de os primeiros humanos pisarem no planeta. Tal capacidade lhe permitiria sustentar os astronautas e alimentar um foguete para que eles pudessem voltar à Terra.