Panorama internacional

Em plebiscito, Chile rejeita texto de nova Constituição

Em plebiscito realizado neste domingo (4), a população chilena rejeitou o texto proposto para a nova Constituição do país. Com 99,95% das urnas apuradas, o rechaço à nova Carta venceu por 61,86% contra 38,14%.
Sputnik
Os dados do Serviço Eleitoral do Chile mostram que o "rechaço" à nova Constituição venceu em todas as regiões do país. Essa foi a primeira vez que os eleitores chilenos tiveram que comparecer às urnas de forma obrigatória.
Em plebiscito anterior, cerca de 80% da população do Chile defendeu que uma nova Constituição fosse escrita, após uma série de protestos de massa que se espalharam pelo país em 2019. A constituinte eleita pelos chilenos para reescrever a Carta Magna trabalhou por um ano no novo texto com o objetivo de substituir a Constituição do ditador Augusto Pinochet, de 1980.
Após o anúncio do resultado, o presidente chileno, Gabriel Boric, confirmou as expectativas e disse que buscará apoio para retomar os trabalhos constituintes. Em seu pronunciamento, o presidente chileno salientou o alto comparecimento às urnas e agradeceu a participação popular.

"Hoje o povo chileno falou, e o fez de forma clara e forte, nos entregando duas mensagens. A primeira é que valorizam e gostam de sua democracia, que confiam nela para superar as diferenças e avançar [...]. A segunda é que não ficaram satisfeitos com a proposta de Constituição que a convenção apresentou ao Chile. Essa decisão dos chilenos e chilenas exige que nossas instituições e atores políticos trabalhemos com mais empenho, com mais diálogo, com mais respeito e carinho, até chegar a uma proposta que nos dê confiança e nos una como país", afirmou.

Boric declarou ainda que a realização do plebiscito mostra que as instituições chilenas funcionam e que a democracia no país sai mais robusta desse processo. "É preciso escutar a voz do povo", disse.
Presidente chileno, Gabriel Boric fala durante sessão plenária na Cúpula das Américas, em 10 de junho de 2022
O texto proposto foi aprovado ainda em julho por Boric. Entre as principais mudanças propostas pelo texto está a ampliação do papel do Estado na provisão de serviços como saúde e educação, além do fim da privatização das águas.
O rechaço ao texto liderava pesquisas recentes de intenção de voto. Apesar de uma tendência de ampliação de respostas favoráveis à aprovação, a rejeição foi maior que a esperada. Na última pesquisa divulgada pelo instituto chileno Cadem antes do pleito, apenas 37% dos entrevistados disseram aprovar a nova Constituição, enquanto 46% apontavam o rechaço.
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