Panorama internacional

Após retirada de empresas ocidentais, China aproveitará oportunidades do mercado russo, diz Moscou

De acordo com Georgy Zinoviev, diretor do Primeiro Departamento Asiático do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, a China está se preparando para aproveitar as oportunidades apresentadas pelo mercado russo em resultado da decisão de muitas empresas ocidentais de abandonar a Rússia.
Sputnik

"Empresas automobilísticas e industriais já foram estabelecidas na Rússia com a ajuda de empresas chinesas, e iniciativas nos campos da mineração, do setor químico e da agricultura estão também sendo realizadas. Surgem oportunidades adicionais para os empresários chineses se instalarem após diversas corporações ocidentais deixarem nosso mercado, e podemos ver que eles estão se preparando para tirar proveito disso", disse Zinoviev.

Ele afirmou que os desafios no contexto do ambiente global atual levaram a uma intensificação da cooperação política e econômica entre ambos os países.
Andrey Denisov, embaixador russo em Pequim, enfatizou que, apesar dos problemas causados pelas sanções ocidentais, a China não quer que a economia russa sofra.
"Temos uma grande chance de construir uma parceria mutuamente benéfica com a China. Além disso, a China não tem intenção de colocar em risco nossos interesses de forma alguma. A China não se importa se estamos passando por uma crise econômica, pois para a China isso não passa de complexidades políticas desnecessárias."
De acordo com Denisov, a China, por outro lado, também não estaria interessada em dificultar seu comércio com as nações ocidentais por causa da Rússia.
De acordo com o diplomata, a Rússia e a China estão trabalhando juntas em projetos de investimento, com a China expressando interesse em estabelecer uma zona de livre comércio na ilha Bolshoy Ussuriysky. Ele destacou que ainda há mais trabalho a ser feito, nomeadamente no que diz respeito à infraestrutura.
A execução de projetos energéticos Rússia-China não diminuiu devido às sanções, embora existam alguns desafios organizacionais e técnicos, segundo Denisov.
"Veja a maneira como costumávamos fazer os pagamentos: costumávamos usar dólares ou euros. Agora que esses pagamentos estão sendo dificultados e os bancos estão se recusando a transferir dinheiro, esta é uma questão muito grave para nós e nossos parceiros de negócios chineses", afirmando que uma solução para este problema será encontrada.
De acordo com Zinoviev, como os sistemas de pagamento ocidentais provaram não ser confiáveis, foi tomada a decisão de ampliar o uso de cartões de pagamento russos (MirPay) e chineses (UnionPay), criando assim novos mecanismos de pagamento.
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"Os chamados cartões de cobadge [cartões multimarcas, em português], que operam tanto nos sistemas UnionPay chinês quanto nos sistemas MirPay, agora são uma realidade. Isso possibilita que seus usuários paguem por bens e serviços na China e na Rússia, algo que já vem sendo apreciado pelos viajantes e pela indústria. Além disso, após sua saída politicamente motivada do mercado russo, a credibilidade dos sistemas de pagamento ocidentais foi irreparavelmente posta em causa", afirma Zinoviev.
A crise energética que vem se desenvolvendo na Europa no último ano piorou ainda mais devido ao surto de hostilidades na Ucrânia em fevereiro. O conflito e as sanções ocidentais contra a Rússia interromperam as operações financeiras e logísticas, minando as cadeias de fornecimento e causando um aumento nos preços do petróleo globalmente.
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