"Empresas automobilísticas e industriais já foram estabelecidas na Rússia com a ajuda de empresas chinesas, e iniciativas nos campos da mineração, do setor químico e da agricultura estão também sendo realizadas. Surgem oportunidades adicionais para os empresários chineses se instalarem após diversas corporações ocidentais deixarem nosso mercado, e podemos ver que eles estão se preparando para tirar proveito disso", disse Zinoviev.
Ele afirmou que os desafios no contexto do ambiente global atual levaram a uma intensificação da cooperação política e econômica entre ambos os países.
Andrey Denisov, embaixador russo em Pequim, enfatizou que, apesar dos problemas causados pelas sanções ocidentais, a China não quer que a economia russa sofra.
"Temos uma grande chance de construir uma parceria mutuamente benéfica com a China. Além disso, a China não tem intenção de colocar em risco nossos interesses de forma alguma. A China não se importa se estamos passando por uma crise econômica, pois para a China isso não passa de complexidades políticas desnecessárias."
De acordo com Denisov, a China, por outro lado, também não estaria interessada em dificultar seu comércio com as nações ocidentais por causa da Rússia.
De acordo com o diplomata, a Rússia e a China estão trabalhando juntas em projetos de investimento, com a China expressando interesse em estabelecer uma zona de livre comércio na ilha Bolshoy Ussuriysky. Ele destacou que ainda há mais trabalho a ser feito, nomeadamente no que diz respeito à infraestrutura.
A execução de projetos energéticos Rússia-China não diminuiu devido às sanções, embora existam alguns desafios organizacionais e técnicos, segundo Denisov.
"Veja a maneira como costumávamos fazer os pagamentos: costumávamos usar dólares ou euros. Agora que esses pagamentos estão sendo dificultados e os bancos estão se recusando a transferir dinheiro, esta é uma questão muito grave para nós e nossos parceiros de negócios chineses", afirmando que uma solução para este problema será encontrada.
De acordo com Zinoviev, como os sistemas de pagamento ocidentais provaram não ser confiáveis, foi tomada a decisão de ampliar o uso de cartões de pagamento russos (MirPay) e chineses (UnionPay), criando assim novos mecanismos de pagamento.
"Os chamados cartões de cobadge [cartões multimarcas, em português], que operam tanto nos sistemas UnionPay chinês quanto nos sistemas MirPay, agora são uma realidade. Isso possibilita que seus usuários paguem por bens e serviços na China e na Rússia, algo que já vem sendo apreciado pelos viajantes e pela indústria. Além disso, após sua saída politicamente motivada do mercado russo, a credibilidade dos sistemas de pagamento ocidentais foi irreparavelmente posta em causa", afirma Zinoviev.
A crise energética que vem se desenvolvendo na Europa no último ano piorou ainda mais devido ao surto de hostilidades na Ucrânia em fevereiro. O conflito e as sanções ocidentais contra a Rússia interromperam as operações financeiras e logísticas, minando as cadeias de fornecimento e causando um aumento nos preços do petróleo globalmente.