A maior economia da Europa deve sofrer contração devido à inflação crescente, à crise de energia que assola o continente e à interrupção das cadeias de suprimentos globais, alertou o presidente executivo do maior banco da Alemanha, o Deutsche Bank AG, Christian Sewing.
"Não seremos mais capazes de evitar uma recessão na Alemanha", disse Sewing durante um discurso em Frankfurt nesta quarta-feira (7). "Acreditamos que nossa economia é resiliente o suficiente para lidar bem com essa recessão – desde que os bancos centrais ajam rápida e decisivamente agora."
De acordo com a Bloomberg, a crise desencadeada pela operação militar especial da Rússia na Ucrânia atingiu um novo pico quando a Gazprom anunciou este mês que está suspendendo indefinidamente os fluxos de gás através de seu maior gasoduto para a Europa, um movimento justificado por Moscou como uma reação às sanções ocidentais e à recusa da maior parte desses Estados de não aderir ao modelo de pagamento estipulado pelo Kremlin.
Para evitar o agravamento da crise, a União Europeia (UE) está desenvolvendo uma série de políticas de contenção de gastos de energia na tentativa de manter seus depósitos de gás abastecidos para resistir ao inverno (do Hemisfério Norte) evitando o colapso de diversas cadeias de produção. Por conta do preço do gás, os ministros da Energia do bloco devem ter uma reunião de emergência em Bruxelas na próxima sexta-feira (9).
"Quanto mais a inflação permanece alta, maior a tensão e maior o potencial de conflito social", disse Sewing.
Para combater a crise, o Banco Central Europeu deve aumentar acentuadamente as taxas de juros ainda neste final de semana.
Sewing havia dito anteriormente que uma parada total nas entregas de gás russas levaria a Alemanha a uma recessão. Vários credores, incluindo o banco Commerzbank AG, disseram que vão precisar aumentar as provisões de crédito sob o cenário, não sem poder contar com o apoio do governo para mitigar o impacto.
Ainda segundo a mídia, pelo sexto mês consecutivo as encomendas às fábricas alemãs caíram mediante a inflação e a incerteza sobre o fornecimento de energia, minando a confiança dos investidores. O governo do chanceler Olaf Scholz anunciou € 65 bilhões (cerca de R$ 337,7 bilhões) em novas medidas para ajudar famílias e empresas a lidar com o aperto, embora os economistas achem que isso não será suficiente para evitar uma recessão.