Panorama internacional

Chefe do Mossad promete combater 'terrorismo' iraniano sem levar em conta possível acordo nuclear

Israel não se sentirá constrangido por uma possível renovação do acordo nuclear com o Irã e pretende continuar visando o "terrorismo de Estado" do "regime" de Teerã, disse o diretor do Mossad, David Barnea, em um discurso na segunda-feira (12).
Sputnik
"Nós não vamos participar desta charada. Não fecharemos os olhos para a verdade comprovada", disse Barnea na Universidade Reichman, em Herzliya, em seu primeiro discurso público desde que assumiu as rédeas do Mossad no ano passado.
"O acordo é baseado em mentiras iranianas. O Irã tem procurado construir uma arma nuclear que coloque em risco a existência de Israel. O acordo facilmente os ajudará a alcançar esse objetivo sob legitimação internacional", disse ele, acrescentando que "mesmo que um acordo seja assinado, ele não fornecerá imunidade às operações do Mossad".
Barnea acusou Teerã de idealizar o "terror planejado, sistemático e estratégico" perpetrado pelas agências de inteligência e pelo Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), que ele disse que só piorou nos últimos meses. O Mossad, disse ele, frustrou "dezenas" de ataques iranianos planejados contra israelenses e judeus no exterior, em lugares como Chipre, Colômbia e Turquia. Barnea também citou as recentes alegações dos EUA de que o Irã planejou o assassinato de John Bolton e Mike Pompeo, dois ex-funcionários do governo Trump.
Os ataques contra Israel ou israelenses, direta ou indiretamente por proxies, "encontrarão uma resposta dolorosa contra os responsáveis, em solo iraniano. Não vamos perseguir os proxies, mas aqueles que os armaram e deram as ordens, e isso acontecerá no Irã", alertou Teerã o diretor do Mossad.
Barnea falou depois de voltar de Washington, onde esteve de visita na semana passada para expressar objeções contra a renovação do acordo nuclear com Teerã.
Panorama internacional
Le Monde: planos da Rússia de criar mísseis hipersônicos deixam norte-americanos perturbados
Os líderes israelenses afirmam há mais de duas décadas que o Irã está a meses de desenvolver uma bomba nuclear, embora Teerã insista que suas intenções são pacíficas. O acordo nuclear original, assinado em 2015 pelos EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Rússia, China e UE, bem como pelo Irã, deveria revogar muitas sanções da ONU contra a República Islâmica, limitando também sua capacidade de enriquecer urânio muito abaixo do nível necessário para construir uma bomba atômica. Os EUA se retiraram do acordo sob o então presidente Donald Trump em 2018, impondo novas sanções e declarando que o tratado é, fundamentalmente, falho.
Um rascunho do novo acordo vazado no mês passado mostra um processo de quatro etapas, começando com um levantamento imediato das sanções a 17 bancos iranianos e outras 150 entidades econômicas. O Irã também começaria imediatamente a redimensionar suas atividades nucleares, que aumentaram além dos níveis permitidos pelo acordo de 2015, já que nenhuma das outras partes cumpriu seus termos.
Comentar