Recentemente, o líder norte-coreano Kim Jong-un assinou a lei que codifica o programa nuclear do país, minimizando a zero a possibilidade de desnuclearização da nação asiática, afirma o militar.
"O fato é que o passo de Pyongyang fundamentalmente mudou a realidade estratégica no Pacífico. Qualquer potencial conflito com a Coreia do Norte traz agora a certeza de que armas nucleares estão a ser usadas contra a Coreia do Sul, o Japão e os Estados Unidos", de acordo com as palavras do colunista.
Certamente, qualquer uso de armas nucelares pelos norte-coreanos precipitaria uma resposta devastadora a partir dos EUA, mas "a vingança nuclear americana forneceria pouco consolo para as dezenas de milhões de cidadãos sul-coreanos, japoneses e americanos cujas vidas poderiam ser - e provavelmente seriam - encerradas como resultado".
No final das contas, a culpa é do atual presidente dos EUA, Joe Biden, e sua administração, acredita o ex-oficial.
No início de seu mandato, Donald Trump ameaçou a Coreia do Norte com "fogo e fúria" se ameaçasse os Estados Unidos com um míssil nuclear armado, e zombou de Kim como "Little Rocket Man". Mas os Jogos Olímpicos de Inverno, sediados pela Coreia do Sul em 2018, abriram o caminho para uma interação mais positiva entre as duas Coreias e os EUA. Em abril de 2018, Trump despachou o então diretor da CIA, Mike Pompeo, em uma visita secreta à Coreia do Norte, cujo objetivo era estabelecer uma cúpula entre Trump e Kim.
Imediatamente após a visita de Pompeo, Kim anunciou o fechamento do local de testes nucleares do país e a interrupção dos testes de mísseis balísticos de longo alcance, em um sinal claro de que seu governo estava falando sério sobre a desnuclearização da península coreana.
Este passo de boa vontade, nas palavras de Scott Ritter, ajudou a preparar um caminho para uma reunião entre os líderes americano e norte-coreano em Cingapura, em julho do mesmo ano. "Durmam bem nesta noite", disse Trump ao povo americano.
O sucesso da cúpula em Cingapura levou a uma reunião em Hanói, no Vietnã, em fevereiro de 2019. Esperava-se que Trump e Kim assinassem um acordo que suspendesse parcialmente as sanções contra Pyongyang em troca do completo desmantelamento da usina nuclear de Yongbyon, principal instalação nuclear de tipo militar na Coreia do Norte. Contudo, o encontro terminou sem acordo e deixou a Coreia do Norte se sentindo traída pelo governo Trump.
Do ponto de vista do autor do artigo, tudo isso indica que a liderança norte-coreana manteve a porta aberta para a possibilidade de negociações contínuas, inicialmente aderindo ao seu compromisso de não testar armas nucleares ou mísseis balísticos intercontinentais.
"Mas mais de um ano e meio após a administração do presidente Joe Biden, os EUA não fizeram nenhum esforço significativo para voltar a trabalhar com Kim. Essa negligência abriu o caminho para sua decisão de fechar permanentemente a porta para negociações de desnuclearização e certificar o arsenal nuclear da Coreia do Norte como parte integrante e permanente de seu arsenal, que poderia ser implementado em ataque preventiva, se se verificasse uma ameaça direta à sua existência."
"Trump pode ter se precipitado quando disse que os americanos, japoneses e sul-coreanos poderiam 'dormir bem', mas Biden e sua administração garantiram de que não poderiam", resumiu o militar.