A liberação de R$ 29 milhões em obras, aprovada pela Caixa Econômica Federal, para a cidade de Miracatu, localizada a 139 quilômetros de São Paulo e lar de familiares do presidente Jair Bolsonaro (PL), será alvo de investigação.
A informação foi dada neste sábado (17), pela integrante do Conselho de Administração da Caixa, Maria Rita Serrano. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Serrano informou que pedirá esclarecimentos sobre o contrato na reunião do conselho marcada para a próxima segunda-feira (19). "Na segunda-feira nós teremos reunião e vou pedir para esclarecer", disse Serrano.
A notícia da liberação do recurso veio à tona na última sexta-feira (16). Os R$ 29 milhões foram liberados pela Caixa em dezembro do ano passado, um mês após uma visita de Renato Bolsonaro, irmão do presidente de Jair Bolsonaro, à agência, onde esteve acompanhado de uma comitiva para demandar recursos para o município.
Renato Bolsonaro trabalhou como chefe de gabinete da Prefeitura de Miracatu entre janeiro de 2021 e agosto deste ano. Ele ingressou no cargo na posse do atual prefeito do município, Vinícius do Iraque (PL), e era considerado uma espécie de "prefeito informal" de Miracatu. Sua exoneração se deu após virem à tona denúncias de que o município se tornou um canteiro de obras por meio da influência política de Renato.
O repasse aprovado em dezembro pela Caixa ao município é o dobro dos recursos liberados pelo banco nos últimos 14 anos. Desde que Bolsonaro foi eleito, Miracatu recebeu mais de R$ 40 milhões em verbas de convênios com ministérios aprovados pelo banco.
Em sua conta no Twitter, a presidente da Caixa, Daniella Marques, disse que todos os contratos do banco "seguem rigorosamente as regras estabelecidas pela Portaria Interministerial 424/2016 e comitês internos de aprovação".