Operação militar especial russa

Jornalista chileno ferido em Donbass à Sputnik: Kiev tenta 'matar maior número de pessoas possível'

"Aqueles que ainda estão aqui sabem que um projétil ucraniano pode cair a qualquer hora e em qualquer lugar. São ataques punitivos: punem pessoas comuns apenas por viverem aqui", disse Alejandro Kirk, enviado especial das emissoras teleSUR e HispanTV, em entrevista à Sputnik nesta segunda-feira (19). Ele foi ferido durante um ataque em Donbass.
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"No sábado, dia 17, por volta de 12h00, ouvimos algumas explosões no Centro da cidade. Como tantas outras vezes, com outros colegas, corremos para denunciar. Chegando na Praça Lenin, a praça central daqui, ouvimos outro estrondo ali perto e vi um caminhão pegando fogo", narrou Kirk. "Aproximei-me do caminhão para buscar um ângulo mais verídico, mais informativo. Havia duas pessoas dentro do veículo. Pela experiência, achei que outro projétil não chegaria ao mesmo local, mas me enganei", completou.
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Ele relatou ter ouvido o típico zunido de projéteis de 155 milímetros e a explosão alguns metros ao norte, na avenida Artyom, exatamente onde os ônibus passam.
Contou que virou a câmera e conseguiu ver o sinalizador, logo em seguida sentindo um impacto no ombro direito.

"Sem barulho ou dor. Também no olho direito, minha visão estava turva. Fiquei gravando, liguei para meus colegas, e descobrimos que a ferida sangrava muito. O olho também sangrava. Tirei os óculos escuros e encontrei uma perfuração", detalhou, acrescentando que o acessório salvou a sua visão.

Ele elogiou a atuação dos médicos da República Popular de Donetsk (RPD), classificando o atendimento de "exemplar".

"Ninguém nunca me pediu papéis ou me perguntou se eu tinha que pagar. Para mim é uma experiência viva de que a saúde pública, que não depende de quem você é ou de quanto dinheiro você tem, onde prevalece a humanidade, e não os negócios, é um dos legados mais importantes do sistema soviético e ainda vigora nesta república. Aliás, o mesmo hospital em que fui tratado também foi alvo de ataques de artilharia. Um deles eu mesmo cobri, e fiz uma reportagem do local com os restos de um míssil ucraniano caído, no portão da maternidade."

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Ele detalhou que o impacto do projétil (de apenas alguns milímetros) foi tanto que fez um buraco de cerca de uma polegada de diâmetro no ombro direito, que causou uma fratura na costela a 15 centímetros do rosto e pescoço e a 25 centímetros do coração.

"A costela salvou o pulmão, e os óculos escuros, o olho. É muita sorte, não é? Portanto é inevitável pensar no que poderia facilmente ter acontecido e o que de fato acontece com muitas pessoas todos os dias em Donetsk: que elas não têm a mesma sorte e os estilhaços as matam. Pessoas andando com sua sacola de compras, uma menina saindo da aula de dança, uma cozinheira fazendo o almoço para as crianças, uma mulher caminhando para o lado, ela esqueceu alguma coisa e parou, uma senhora vindo do trabalho. São pessoas que eu vi e das quais fiz relatos na época. Por isso o meu pensamento se dirige sempre a essas pessoas, que se tornaram alvos fáceis de aniquilar impunemente. Acho que isso tem a intenção de criar terror, forçar a população a deixar suas casas, sentir-se permanentemente ameaçada. Todas as pessoas nesta cidade sabem que quando você sai, é provável que não volte. Por isso, ao consultá-las, praticamente todas exigem mais vigor na operação militar", finalizou, acrescentando que os ataques têm o objetivo de "matar o maior número de pessoas possível".

Desde 24 de fevereiro, a Rússia tem conduzido uma operação militar especial para desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou como seu objetivo "defender as pessoas que ao longo de oito anos têm sofrido intimidações e genocídio por parte do regime de Kiev".
Segundo o líder russo, o objetivo final da operação é libertar Donbass e criar condições que garantam a segurança da própria Rússia, em resposta ao avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
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