Panorama internacional

EUA são 'principais criminosos e violadores' da Carta da ONU, constata advogado internacional

Durante seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, Joe Biden acusou a Rússia de violar a Carta da organização ao lançar uma operação militar especial na Ucrânia e chamou os próximos referendos para adesão à Rússia nas regiões de Donbass, Kherson e Zaporozhie de uma "farsa".
Sputnik
O presidente dos EUA "suprimiu completamente" o papel de Washington no atear das chamas do conflito na Ucrânia, ignorando o fato de que seu governo ajudou a organizar um golpe na Ucrânia em 2014, argumentou Christopher C. Black, advogado criminal internacional com 20 anos de experiência em crimes de guerra e relações internacionais e comentarista sobre assuntos internacionais, em entrevista à Sputnik. Segundo Black, os EUA são "os principais criminosos e violadores do direito internacional" e não "se importam com a soberania de ninguém".
Joe Biden dedicou a primeira parte de seu discurso na AGNU à Ucrânia. Porém, Black afirma que em seu discurso o presidente americano não falou a verdade e afirma que "ele [Joe Biden] colocou toda a culpa na Rússia e ignorou totalmente o fato de que a Rússia teve que agir para impedir uma invasão das forças ucranianas em fevereiro-março", acrescentando que "os americanos e a OTAN derrubaram o governo eleito na Ucrânia em 2014 e têm promovido a guerra lá desde então. Isso foi tudo suprimido [em seu discurso]".

Biden disse que a Rússia "violou descaradamente" a Carta das Nações Unidas. Mas, de acordo com Black, "este é outro conjunto de mentiras surpreendentes do presidente dos Estados Unidos, o que não é incomum para eles [os americanos] nestes discursos".

"Os Estados Unidos são os principais criminosos e violadores do direito internacional. Eles invadiram, atacaram a Iugoslávia por três meses em 1999. Eles ameaçaram acabar com Belgrado e matar 500.000 pessoas a menos que o presidente [Slobodan] Milosevic se rendesse."
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“Eles invadiram o Afeganistão, Iraque, logo depois disso, mataram centenas de milhares de pessoas, destruíram esses países. Eles atacaram a Líbia e destruíram isso, assassinaram [Muammar] Kadhafi. Eles enforcaram Saddam Hussein. Eles não respeitariam a soberania de ninguém. Eles continuaram se referindo à soberania, mas não se importam com a soberania de ninguém", afirma o pesquisador em entrevista.
Para Christopher "é estranho que Biden tenha dito que o mundo deveria ter a chance de se desenvolver e, no entanto, qualquer país que se desenvolva, eles [EUA] atacam".
Outro ponto discutido foi o problema dos grãos, no qual o presidente dos EUA acusa a Rússia. Porém, Christopher Black afirma que a declaração do presidente norte-americano não passa de "um golpe de relações públicas, porque [para ele] é bastante claro que a Rússia fez de tudo junto com a Turquia para tentar ajudar os exportadores de grãos a tirar os grãos da Ucrânia. Houve todos os tipos de truques para bloquear ou redirecionar os embarques de grãos aos países do terceiro mundo, os chamados países do Sul, para a Europa e assim por diante. Mesmo no Canadá, os agricultores estão reclamando ao governo que não podem obter fertilizante porque a maior parte vem da Rússia, o que me surpreendeu".
Além de Biden, havia numerosos líderes na Assembleia Geral da ONU de hoje que mencionaram problemas como segurança internacional, segurança alimentar, saúde e meio ambiente. Porém, Black afirma que a mídia mundial deu ênfase e destaque apenas às declarações do presidente americano.
"As declarações de outros líderes mundiais serão suprimidas e as de Biden serão promovidas como outro exemplo da chamada democracia americana, que não existe mais nos Estados Unidos", afirma o pesquisador.
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