"É óbvio que eles [o Ocidente] gostam de tais ações, eles acreditam que têm o direito de decidir pelos outros. Por exemplo, os EUA nunca na história permitiram que se iniciasse qualquer processo penal contra os crimes dos militares norte-americanos. Mas, ao mesmo tempo, gostam de ministrar palestras a todos os outros", afirmou Dodik.
"No caso da Iugoslávia, os processos de tais iniciativas já provaram ser inadequados. Quanto à situação semelhante em relação à Rússia, isso é simplesmente impossível, já que isso pode ser feito em relação a um país pequeno, como o nosso, mas é impossível fazê-lo em relação à Rússia, esse é um país enorme que desempenha um papel internacional significativo", acrescentou o político.
Nesse contexto, ao ser perguntado sobre uma eventual adesão da Bósnia e Herzegovina à OTAN, Milorad Dodik defendeu que a opção é "impossível", visto que a República Sérvia, que faz parte do Estado da Bósnia e Herzegovina, em qualquer caso se manifestará contra o ingresso.
"O povo sérvio, a República Sérvia não apoia a adesão à OTAN [da Bósnia e Herzegovina], e isso é a nossa posição permanente, apesar de todos os acontecimentos na arena global, da pressão e dos vários fatores que empurram para tal decisão de ingressar à OTAN", disse Dodik.
O líder dos sérvios bósnios salientou que o povo da República Sérvia já tomou sua própria decisão sobre o assunto. Assim, a Assembleia Nacional da república aprovou uma decisão, segundo a qual a adesão à OTAN é impossível.
"No mínimo, tal procedimento deveria passar por certos procedimentos no parlamento, e estou convencido que no parlamento essa decisão não passará, por isso no futuro a nossa presença na OTAN é absolutamente impossível", sublinhou o político.
Milorad Dodik não deixou de salientar que a Rússia é um parceiro-chave da República Sérvia e sempre tem lhe prestado apoio, inclusive no Conselho de Segurança da ONU.
"Quanto os ingleses apresentaram a proposta de, através de uma resolução, denominar o povo sérvio como um povo que perpetrou genocídio no século XX, a Rússia se manifestou contra essa decisão e nós, sem dúvida, nunca nos esqueceremos disso", disse.
Anteriormente, o chefe da diplomacia europeia Josep Borrell afirmou que apoia a ideia de criar um tribunal para julgar russos pelas suas ações na Ucrânia. Ao comentar a possibilidade de criação do tribunal, Borrell falou sobre os russos, evitando falar sobre os crimes cometidos pelos ucranianos. Ao mesmo tempo, o diplomata não especificou quem de entre os militares russos deve ser julgado pelo tribunal.
O porta-voz do presidente russo Dmitry Peskov tem repetidamente dito que a Rússia rejeita categoricamente as acusações de Kiev de crimes de guerra no território ucraniano.
Em 24 de fevereiro, a Rússia iniciou uma operação militar especial na Ucrânia para libertar Donbass e desnazificar e desmilitarizar a ex-república soviética. Ao longo de oito anos, a população civil de Donbass tem sofrido intimidações, discriminação e genocídio por parte do regime de Kiev. Quando a Ucrânia repetidamente violou os acordos de Minsk, que previam o cessar-fogo no Leste da Ucrânia, a Rússia reconheceu a independência das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e lançou uma operação a fim de levar à Justiça todos os criminosos de guerra responsáveis pelos crimes contra civis.