A Índia não é um país que se pode pressionar, disse Arindam Bagchi, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores indiano, durante uma coletiva na quinta-feira (22) em Nova Deli, enquanto Washington instou os indianos a reduzirem sua dependência de armas e energia russas.
"Eu não acho que a Índia é um país que você pressiona e espera obter resultados. Acho que a posição da Índia decorre de nossas próprias crenças e nossos interesses no que precisamos fazer", acrescentou Bagchi.
O porta-voz insistiu que o governo indiano não sentiu pressão dos Estados Unidos sobre seus laços de defesa e energia com a Rússia, dizendo não ter havido "nenhuma questão de pressão em nenhum momento".
Na terça-feira (20), um funcionário do Departamento de Estado dos EUA afirmou que Nova Deli estava "chegando a entender" que a Rússia "não era mais uma fornecedora de armas confiável".
"A Índia é fortemente dependente da Rússia, e isso é algo que eles fizeram a si mesmos ao longo de cerca de 40 anos: primeiro [o setor] militar e depois a dependência energética deles", argumentou o oficial.
Cerca de 70% das armas da Índia são de origem russa. Nos últimos quatro anos, a cooperação bilateral de defesa ganhou um impulso, depois que Nova Deli assinou vários acordos com a Rússia para comprar sistemas de mísseis de defesa antiaérea, navios de guerra e fuzis de assalto. Durante o impasse na fronteira com a China em 2020, a Índia recebeu todos os equipamentos e peças de reposição, bem como sistemas de defesa antiaérea S-400, como previsto.
"Então, temos conversado profundamente com a Índia sobre o fato de que queremos ajudá-la a ter opções para diversificar aqui", acrescentou o funcionário do Departamento de Estado dos EUA.
O primeiro-ministro indiano Narendra Modi e o presidente russo Vladimir Putin discutiram "segurança alimentar global, segurança energética e disponibilidade de fertilizantes no contexto dos desafios da atual situação geopolítica" à margem da cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) em Samarcanda, no início deste mês.
Os dois líderes apreciaram o "impulso sustentado nos laços bilaterais, incluindo contatos em vários níveis".
Em 15 de setembro, o ministro indiano das Relações Exteriores, Vinay Mohan Kwatra, prometeu continuar as compras de petróleo da Rússia, sublinhando que "a Índia não é membro do G7 e não imporá um limite de preço ao fornecimento de energia russo".
Ao discursar no Fórum Econômico do Oriente em 7 de setembro, o premiê Modi buscou uma profunda cooperação no campo da energia, incluindo o fornecimento de carvão de coque russo.