Panorama internacional

Bélgica fecha reator nuclear apesar de ameaça de crise energética no país

Empresa belga fecha de um dos quatro reatores de uma usina nuclear, não obstante o ministro do Interior do país pedir para adiar a iniciativa.
Sputnik
A empresa de energia francesa Engie decidiu fechar definitivamente na sexta-feira (23) um dos quatro reatores da usina nuclear Doel 3, na Bélgica, revelou o jornal francês Le Monde.
Doel 3, que tem a capacidade de produzir até 10% do consumo de eletricidade da Bélgica, Este será o primeiro reator nuclear na Bélgica a ser encerrado sob a lei de eliminação progressiva da energia nuclear do país, aprovada em 2003.
A usina estava previamente programada para cessar operações no próximo sábado (1º), mas o Conselho Científico sobre Radiação Ionizante e a diretoria da Agência Federal de Controle Nuclear (FANC, na sigla em francês) aprovaram na quarta-feira (21) o plano para que a Engie encerrasse o reator dois dias depois.
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No entanto, Annelies Verlinden, ministra do Interior da Bélgica, pediu à FANC no mesmo dia (21) para adiar o fechamento do Doel 3 "com segurança", em meio a temores de uma crise no fornecimento de energia na Europa devido a sanções antirrussas. Em resposta, a organização disse que o pedido de Verlinden "não era um sinal de boa governança", apesar de assegurar que "não poderia garantir que um cenário tardio e despreparado não representasse um risco para a segurança nuclear".
Um porta-voz da Engie indicou que a empresa não recebeu um pedido do governo belga para estender as operações do Doel 3, e reiterou que "o reator será definitivamente desativado e, portanto, não está programado para ser reativado". A ação mobilizou um grupo de ativistas pró-nucleares, que defendem que o reator seja mantido "em estado operacional".
A organização ambientalista Greenpeace reafirmou que "o fechamento da Doel 3 não coloca nenhum problema para a segurança do abastecimento e não tem impacto significativo no preço da eletricidade", enquanto Marie-Christine Marghem, ex-ministra da Energia, argumentou o contrário, dizendo que "com o risco de apagões na França neste inverno, com a Alemanha abandonando a energia nuclear, mas ficando sem gás", haverá "grandes dificuldades".
A usina, localizada nos arredores da cidade de Antuérpia, esteve 40 anos em serviço. Sua desativação total levará cerca de cinco anos a completar.
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