A Guarda de Fronteira finlandesa recomendou cercar partes da fronteira oriental com a Rússia, em um reforço geral de segurança, no valor de milhões de euros, informou o jornal Uutissuomalainen.
De acordo com a estimativa própria da Guarda de Fronteira, a cerca abrangeria 10-20% da fronteira de 1.300 quilômetros, o equivalente a 260 quilômetros. A autoridade disse que a medida é justificada pelas recentes mudanças no ambiente de segurança, mas não forneceu mais explicações.
A construção da cerca levaria entre dois e três anos, segundo a guarda. Se o financiamento permitir, porém, a construção poderia ser acelerada e executada simultaneamente em vários locais. A cerca seria projetada para durar 50 anos.
O chefe da Guarda de Fronteira, tenente-general Pasi Kostamovaara, estimou que a cerca custaria algumas centenas de milhões de euros. Este montante incluiria também as medidas de vigilância e infraestrutura necessárias para permitir aos guardas de fronteira responder imediatamente e sem demora às passagens ilegais.
Kostamovaara identificou o sudeste da Finlândia, que faz fronteira com a zona administrativa de Leningrado, na Rússia, como a parte mais provável do país para receber a cerca, citando o maior tráfego transfronteiriço.
A Guarda de Fronteira expressou sua prontidão para construir uma seção de teste da cerca no próximo inverno e primavera (Hemisfério Norte), enquanto o restante pode ser construído posteriormente, com base nas experiências da seção de teste.
A ministra do Interior, Krista Mikkonen, disse que o governo finlandês deve discutir as seções de cerca da fronteira leste em um futuro próximo.
Após o início da operação militar especial da Rússia na Ucrânia, a Finlândia tem sido um dos principais países de trânsito para os russos que entram na Europa, especialmente depois que a UE fechou seu espaço aéreo para aviões e voos russos. Apesar de um aperto substancial nas regras de vistos em todo o bloco, desde meados de setembro, a Finlândia é o único país da UE que faz fronteira com a Rússia que mantém uma fronteira terrestre aberta aos russos.
No entanto, na semana passada, as autoridades finlandesas anunciaram que uma "decisão por princípios" havia sido tomada para proibir o turismo e o trânsito da Rússia. Nos últimos meses, vários políticos finlandeses de alto escalão, incluindo a primeira-ministra Sanna Marin e o presidente Sauli Niinisto, falaram a favor da imposição de várias restrições de vistos para russos. Entre outras, Niinisto pediu a remoção da emissão rápida de vistos para russos com propriedades na Finlândia, sugerindo que os vistos "não eram um direito subjetivo".
Nas últimas décadas, os turistas da Rússia têm sido um pilar da economia na parte oriental da Finlândia, com inúmeras cidades fronteiriças dependendo dos compradores russos para obter renda. As restrições aos turistas russos custaram às comunidades finlandesas milhões de euros em receitas perdidas.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que restringir as viagens de cidadãos russos por motivos políticos apenas agravou o confronto nas relações bilaterais e ressaltou que a Rússia se reserva o direito de retaliar.