"A bota sobre a qual os europeus têm se preocupado há muito finalmente desembarcou na Itália, e parece que os problemas reais estão apenas começando", salientou o autor.
Segundo ele, muitos estão comparando os resultados das eleições na Itália com a votação do Brexit, por estes terem tido um impacto enorme na integração no continente.
"Uma questão mais séria é colocada perante o establishment da região: será que isso se tornará o primeiro osso do dominó que levará ao colapso da política europeia tradicional? Mas, no fim das contas, trata-se de um assunto interno italiano e, mesmo se causar choques severos no Ocidente, os sentimentos enfraquecerão à medida que o país se afastar do epicentro", enfatiza.
25 de setembro 2022, 23:01
O discurso da líder do partido Irmãos da Itália que venceu as eleições legislativas, Giorgia Meloni, conforme Zhao, soou de forma bastante moderada: ela deliberadamente suavizou o caráter ultradireitista das suas visões políticas. Ao mesmo tempo, tais palavras não passam de ser normais para os vencedores das campanhas políticas ocidentais, uma vez que são posições radicais de Meloni, tais como o seu "euroceticismo" e os seus sentimentos "antimigratórios", que se tornaram o pano de fundo político da sua campanha e uma das principais razões da sua vitória, e será difícil "silenciá-las".
"Quando tal político como Meloni chega ao poder, toda a Europa percebe que começa o processo de 'lapidação' de uma política nova e tradicional. Tal lapidação é dolorosa a um ponto significativo e não trará nenhum prazer para nenhum dos lados. Se tornará um teste inevitável para a política europeia", escreveu o colunista.
Segundo salienta Zhao, todo o mundo ocidental está atualmente enfrentando o problema da "guinada à direita": ainda antes das eleições na Itália, a coligação de direita na Suécia obteve a maioria dos votos nas eleições gerais, enquanto o nível de apoio aos partidos de direita na França, Alemanha, Finlândia, Dinamarca, Áustria e outros países também segue crescendo.
Nesse contexto, a Europa, que está "se aproximando de uma encruzilhada", está perante muitas dificuldades: os refugiados, a crise energética, a recessão econômica e, por trás da "guinadá política à direita", há uma necessidade urgente de encontrar respostas para uma série de questões sobre desenvolvimento e segurança, opina o autor.
"A resolução destes problemas requer autonomia a nível estratégico, bem como coragem real para fazer uma escolha certa, que corresponda à tendência histórica. E, nesta questão, a Itália não é uma exceção", conclui o autor.