O senador australiano Jordan Steele-John apresentou nesta quinta-feira (29) uma petição no parlamento do país, exigindo que Camberra se retire do pacto trilateral AUKUS e ponha fim à "integração" entre os militares australianos e norte-americanos.
"Com o apoio de mais de 26.000 de vocês [cidadãos], demos um grande passo para mostrar ao parlamento que não ajudaremos os Estados Unidos a desestabilizar nossa região e nuclearizar nossa frota de submarinos no processo", disse o senador dos Verdes que representa a Austrália Ocidental.
Os Verdes têm 12 senadores do total de 76 membros do Senado australiano, o que os torna a terceira maior força política do país, ficando atrás apenas do Partido Trabalhista governista e da Coalizão Liberal-Nacional da oposição.
Steele-John disse que a Austrália está em um "ponto vital de tomada de decisão" em termos de se saber como o país quer "interagir com os vizinhos" em geral.
O senador australiano disse que a "crise climática sem precedentes" e a "expansão da desigualdade de riqueza" exigem cooperação global entre os principais países.
"O pacto AUKUS mina tudo isso porque não podemos negociar com uma mão e apontar uma arma com a outra", comentou o parlamentar.
Steele-John também admitiu que a apresentação da petição não impediria o governo australiano de desenvolver submarinos nucleares sob o acordo AUKUS.
"Gostaria de poder dizer a vocês que a apresentação desta petição seria o fim dele e que o governo veria o apoio por uma política externa mais pacífica e independente e o rumo corrigido. A realidade é que, infelizmente, eles provavelmente não vão", comentou.
As reservas do senador australiano sobre o pacote AUKUS refletem as de vários governos regionais, que acusaram os EUA de "incitar uma corrida armamentista" na região por meio do acordo trilateral.
A acusação contra o AUKUS foi liderada por Pequim, o alvo percebido do acordo trilateral.
Em uma reunião trimestral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU, realizada em Viena este mês, Pequim divulgou um "documento de posição" oficial em relação ao AUKUS.
"A parceria AUKUS envolve a transferência ilegal de materiais de armas nucleares, tornando-a essencialmente um ato de proliferação nuclear", disse o documento chinês.
O chefe da AIEA, Rafael Grossi, disse esta semana que policiar o acordo de submarinos AUKUS seria uma "questão complicada" para o órgão de vigilância nuclear, já que a Austrália era signatária do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP, na sigla em inglês), mas ainda estaria operando submarinos movidos a energia nuclear. Esses submarinos são usados por militares, mas não são necessariamente equipados com bombas nucleares.