Eleições 2022

Lula ou Bolsonaro? Analista aponta trunfos de cada candidato para vencer 2º turno

Com o fim do primeiro turno, os articuladores das campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) passaram a discutir as estratégias de campanha para a segunda etapa da eleição presidencial. Em entrevista à Sputnik Brasil, especialista diz que imprevisibilidade marcará a corrida no segundo turno.
Sputnik
O resultado do primeiro turno das eleições presidenciais do Brasil proporcionou um cenário complexo, com ambos os lados reivindicando vitórias e minimizando derrotas. O PT, após o banho de água fria por não ter vencido o pleito no primeiro turno, correu para destacar que o partido, afinal, saíra-se exitoso: além da vitória parcial de Lula, a legenda pulou de 54 para 80 deputados federais.
O partido de Jair Bolsonaro, por sua vez, celebrou não apenas o fracasso das pesquisas de intenção de voto (que minimizavam as chances do presidente) e a expressiva votação do chefe de Estado brasileiro, como também as vitórias do bolsonarismo no Senado, na Câmara dos Deputados e em diversos governos estaduais. Ao contrário do que atestavam as pesquisas, a avaliação do governo não parece ser tão ruim quanto indicado anteriormente.
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Agora, faltando pouco mais de três semanas para a segunda rodada do pleito, as legendas correm para processar esse cenário e sua imensa quantidade de informações, a fim de planejar estratégias que possam conduzir Lula ou Bolsonaro à vitória final nas eleições presidenciais de 2022.
Em conversa com a Sputnik Brasil, José Alves Trigo, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e doutor em análise do discurso, traçou os possíveis caminhos que os presidenciáveis devem trilhar para vencer as eleições. Entretanto, para ele, o cenário é de grande imprevisibilidade.
Ele avalia que é evidente que o resultado das eleições ficou distante do que previam as pesquisas de intenção de voto no primeiro turno. Por essa razão há uma reviravolta nas campanhas, que devem traçar novas estratégias para angariar os eleitores de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT).
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Ele entende que neste momento "o apoio mais buscado é o de Simone Tebet, sem dúvida". José Alves Trigo apontou que a candidata do MDB teve quase cinco milhões de votos, "o suficiente para decidir o segundo turno". Nesse sentido, relembrou que "ela teve uma aderência maior às ideias do PT, o que foi demonstrado no último debate" e nas recentes declarações de seu partido.
Por essa razão, aponta, o presidente Jair Bolsonaro deve focar nos votos dos eleitores de Ciro Gomes, "que devem ser pulverizados nas duas candidaturas". Além disso, alerta, é preciso confirmar que a votação de Lula se repita no dia 30 de outubro.
Conforme relembrado pelo analista, "nós já tivemos casos como o do Geraldo Alckmin, que perdeu votos no segundo turno em relação ao primeiro". Embora "os dois candidatos estejam correndo esse risco", apenas um deles, Bolsonaro, comanda a máquina pública.
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Segundo o professor da Mackenzie, apesar de o presidente brasileiro dispor da caneta presidencial em um momento decisivo da votação, a melhor estratégia, para ele e Lula, ainda é uma incógnita. "Essa é a grande pergunta", indicou o especialista.
Para ele, "nenhum deles tem essa resposta ou mesmo essa certeza. O que podemos antecipar é que o foco será São Paulo e Rio de Janeiro", dois dos maiores colégios eleitorais do país. Ele entende que não há estratégia clara em nenhum dos lados.

"O que existe é uma eleição aberta, sobretudo após a derrota surpreendente de [Fernando] Haddad [PT] em São Paulo. O segundo turno é muito imprevisível", declarou.

A imprevisibilidade das campanhas é justificada, na avaliação do especialista, pela grande diferença entre as pesquisas de 2018 e 2022. Ele relembrou que, em 2018, o Datafolha apontou que Bolsonaro estava 24% a frente de todos os outros candidatos. Nas pesquisas de outubro, Bolsonaro estava com 35%, contra 22% de Haddad.
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"Nas eleições deste ano, as pesquisas erraram quando se tratava de avaliar o potencial do candidato Bolsonaro", comentou.

Ele disse que os institutos devem "fazer uma reavaliação de suas metodologias para essas pesquisas presidenciais, principalmente com relação aos candidatos mais conservadores, que parecem omitir seu voto ou mesmo se negam a participar das pesquisas".
Ainda assim, com as pesquisas sendo postas em dúvida e criando inúmeros problemas para os estrategistas políticos de ambas as campanhas, o que orientará as estratégias no segundo turno das eleições ainda são os levantamentos quantitativos com relação aos candidatos em disputa.

"Não existe outro formato científico de avaliação. Pode não ser o mais eficiente, mas é o único. Há outros métodos, como enquetes, pesquisas qualitativas, mas elas não têm caráter científico, como as pesquisas quantitativas", argumentou.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro "devem focar em massificar suas tentativas de conhecimento, com campanhas assertivas" que dialoguem com os eleitores indecisos e que podem mudar de voto. Para ele, um trunfo bolsonarista nesse sentido "é a capacidade de mobilização de rua do presidente, que era um fenômeno tradicionalmente de esquerda no Brasil".

"Esse era um fenômeno que se atribuía ao PT, mas eu não sei se isso é suficiente para mudar o voto das outras pessoas. O Lula tem capacidade de mobilização no Nordeste, e o Bolsonaro, nas capitais do Sul e Sudeste", concluiu.

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