A crise de energia instalada na Europa pelas sanções aplicadas pela UE à Rússia, e consequentemente o corte bruto do envio do gás e petróleo russo para região, está causando uma verdadeira batalha entre lideranças de países-membros do bloco europeu, segundo a Reuters.
Divisões entre os líderes do bloco sobre o teto dos preços do gás e os pacotes nacionais de resgate ressurgiram nesta sexta-feira (7).
Chegando para uma cúpula da UE no castelo de Praga, o chanceler austríaco, Karl Nehammer, disse que qualquer teto de preço deve ser planejado e implementado de forma a apoiar os fornecedores de energia.
"As negociações estão em andamento. E serão intensas porque [...] é nosso objetivo apoiar [...] os fornecedores de energia com isso, para que a oferta de gás não diminua", disse.
A maioria dos Estados da UE pediu a Bruxelas que propusesse um teto para os preços do gás, mas discordam dos detalhes. Algumas capitais buscam um teto amplo em todos os negócios referentes ao combustível e contratos de importação, enquanto outros preferem um teto limitado apenas no setor de energia, relata a mídia.
Alemanha, Dinamarca e Países Baixos, por exemplo, se opõem a um limite, temendo que isso dificulte a compra do gás de que suas economias precisam e reduza qualquer incentivo para reduzir o consumo.
Já o primeiro-ministro tcheco, Petr Fiala, mencionou especificamente o limite dos preços do gás usado para a produção de eletricidade, enquanto seu homólogo da Letônia, Krisjanis Karins, disse que um limite seria "grande" se o bloco ainda pudesse garantir o fornecimento dos produtores.
Luxemburgo também se posicionou e seu premiê, Xavier Bettel, alertou que a União Europeia deve ter cuidado para não prejudicar sua posição nos mercados globais, afastando os vendedores com um teto pouco atraente, porque "talvez nós tenhamos um teto de preço, mas sem energia".
Na Polônia, o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, chamou a Alemanha de "egoísta" uma vez que interpreta como "gastos generosos" de € 200 bilhões (cerca de R$ 1 trilhão) em subsídios para proteger consumidores e empresas do aumento dos custos de energia.
A declaração de Morawiecki acontece no âmbito das preocupações com uma divisão fiscal que separa os países ricos que podem gastar muito em subsídios domésticos e aqueles que não podem.
"O egoísmo alemão deve ser colocado no armário", afirmou.
O comissário da Economia, Paolo Gentiloni, alertou que, em meio a um ambiente econômico difícil, "a única coisa que não podemos permitir no atual contexto geopolítico é a divisão, a fragmentação [...] uma divisão entre os países europeus", escreve a Reuters.
A polêmica entre os líderes para definição do limite do teto dos preços do gás e pacotes nacionais de resgate acontece com os europeus tentando lidar com a queda no fornecimento de gás da Rússia, que já abasteceu 40% das necessidades da Europa.