"[O BRICS] é uma tentativa de buscar o desenvolvimento científico-tecnológico, social e econômico sem imposição de ocupações militares, sem a coação, sem a derrubada de governos. O BRICS tem uma outra natureza, distinta do que se apresenta na OCDE. A presença nos dois organismos mostra, inclusive, uma escolha contraditória, na medida em que você quer estar de um lado e do outro", aponta Sobral.
"O Brasil teria uma posição realmente privilegiada de ser interlocutor com vários países do mundo que às vezes não se comunicam diretamente. Você está tendo uma certa Guerra Fria entre Estados Unidos e China e também o Ocidente com a Rússia; não é uma Guerra Fria, é uma guerra congelada, não é? Está muito pior. Então o Brasil pode fazer o papel de meio de campo nesse cenário partido da política internacional", disse Cordenonssi.
"O que no governo PT eles colocavam, principalmente o chanceler Celso Amorim e também o PT, viam com uma certa desconfiança pertencer à OCDE porque o país ia ser tratado como membro do clube dos ricos. A OCDE era vista como o clube dos ricos. Então o Brasil ia perder, principalmente na negociação da Organização Mundial do Comércio, o papel de liderança entre os países emergentes. Mas eu acredito que isso não é uma questão relevante hoje em dia, tem países que ainda não são desenvolvidos na OCDE, que são nossos vizinhos, como Chile e México, e muitas coisas que são discutidas na OMC começaram na OCDE. Então participar da OCDE pode ajudar o Brasil a ser interlocutor. Talvez potencializar esse papel, e não prejudicar", avalia o economista.
"Nós estamos [...] [em uma] crise muito profunda, e qualquer ganho parece um grande ganho, mas, na verdade, nós ainda estamos em uma situação muito trágica, tanto que há 30 milhões de pessoas que passam fome hoje no país e o ministro Paulo Guedes comemora os resultados da economia, como se os resultados da economia estivessem desligados da vida do povo brasileiro", afirmou Sobral.