O Brasil registrou em setembro o terceiro mês consecutivo de deflação. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA fechou o mês em queda de 0,29%. O índice é o menor para o mês desde o início da série histórica.
A queda, no entanto, tem motivos artificiais. Segundo o IBGE, a redução foi puxada pela queda no grupo de transportes. Com um recuo de 1,98%, o grupo foi o que apresentou a maior variação entre os nove grupos analisados. Segundo o IBGE, a queda reflete a redução nos preços dos combustíveis.
"Assim como nos meses anteriores, o resultado é consequência da redução no preço dos combustíveis (-8,50%). A gasolina (-8,33%) contribuiu com o impacto negativo mais intenso no índice de setembro (-0,42 p.p. [ponto percentual]). Os outros três combustíveis pesquisados também apresentaram queda: etanol (-12,43%), óleo diesel (-4,57%) e gás veicular (-0,23%)", diz relatório do instituto.
Essa retração nos preços dos combustíveis é causada, em parte, pelo corte no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) determinado em julho por Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição neste ano, para tentar frear a alta dos combustíveis.
Porém, conforme noticiado pelo G1, a principal razão para a deflação atual é a pressão de Bolsonaro sobre a Petrobras para que a empresa segure o reajuste dos preços dos combustíveis até o segundo turno das eleições, marcado para 30 de outubro.
O reajuste, no entanto, se tornou inevitável para a Petrobras, que segue o preço de paridade internacional (PPI), após a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEP+) de cortar a produção de petróleo para manter os preços elevados.