Panorama internacional

Truss deve designar China como ameaça ao Reino Unido 'dentro de dias', diz mídia

A subsequente redesignação de "concorrente sistêmico" para "ameaça" significa que a posição oficial de Downing Street sobre a China deve ficar próxima de sua posição sobre a Rússia, que atualmente é classificada como "a ameaça mais aguda" para o Reino Unido.
Sputnik
Em um sinal de piora das relações bilaterais, a primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, deve pela primeira vez declarar oficialmente a China uma "ameaça" para o Reino Unido "dentro de dias", segundo disseram fontes não identificadas ao The Telegraph.
As fontes acrescentaram que a designação seria uma atualização formal da Revisão Integrada de Defesa e Política Externa do ex-primeiro-ministro Boris Johnson publicada em março de 2021, na qual a China foi classificada como um "concorrente sistêmico".
Downing Street, por sua vez, disse em um comunicado que Truss lançou a atualização da Revisão Integrada parcialmente em resposta ao que Londres descreveu como uma China cada vez mais agressiva.
"Como ela [a primeira-ministra britânica] disse, a Rússia continua sendo a maior ameaça ao Reino Unido, mas a China representa a mais séria ameaça de longo prazo aos nossos valores e modo de vida", destacou o comunicado.
A afirmação vem logo depois de o chefe do serviço de inteligência britânico GCHQ, sir Jeremy Fleming, ter afirmado que o esforço da China para desenvolver recursos de vigilância em tecnologias emergentes, como sistemas de localização por satélite e moedas digitais, representa "uma ameaça para todos nós".
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Fleming argumentou que a China poderia estar usando sua própria versão de GPS para "controlar e vigiar" pessoas em 120 países ao redor do mundo, afirmando também que o sistema de navegação por satélite BeiDou poderia dar à China uma vantagem sobre o Ocidente em futuros conflitos.

Inversão de marcha

Os relatos sobre a próxima redesignação da China por Truss indicam como a posição do Reino Unido sobre a China mudou significativamente em menos de uma década.
Em 2015, o então primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, disse antes de uma visita de Estado a Londres do presidente chinês Xi Jinping que o comércio e o investimento bilateral poderiam se beneficiar ainda mais de uma "era de ouro" em seu relacionamento.
"Será um momento muito importante para as relações anglo-chinesas, que estão em muito bom estado. A mudança que veremos é obviamente o investimento em nossa infraestrutura, empresas chinesas empregando pessoas e criando empregos. Mas acho que também é uma grande vitória para a China, ter acesso a um país que é um dos principais membros da União Europeia [UE] e tem tantos outros contatos e papéis no mundo", disse Cameron à Televisão Central da China na época.
Ele ecoou as observações do então embaixador da China em Londres, Liu Xiaoming, que argumentou que a visita de Xi ao Reino Unido marcaria o início de um "tempo de ouro" nos laços bilaterais.
Nos anos seguintes, no entanto, os dois países começaram a brigar sobre questões como a gigante chinesa de tecnologia Huawei, Hong Kong e supostos abusos de direitos humanos contra o grupo étnico uigur da China.
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Em julho de 2020, a crescente pressão dos EUA e dos deputados conservadores forçou o então primeiro-ministro Johnson a ordenar a remoção de todos os kits Huawei das redes 5G de seu país até 2027, em meio a preocupações de que o governo chinês pudesse usar a empresa para espionar países estrangeiros, algo que a empresa rejeitou repetidamente.
Separadamente, Downing Street está inquieta com a promulgação de uma nova lei de segurança nacional no final de junho de 2020 em Hong Kong, uma das ex-colônias do Reino Unido. Pequim e o governo de Hong Kong argumentam que a nova lei serve apenas para salvaguardar a segurança nacional da China, respeitando as liberdades, bem como o status especial da cidade. Uma série de países ocidentais, no entanto, vê o documento como algo que supostamente poderia minar a autonomia de Hong Kong, algo prometido pela China sob a declaração conjunta com o Reino Unido em 1984.
Sobre o grupo étnico uigur da China, o Reino Unido acusou Pequim de abusos "grosseiros e flagrantes" nos últimos anos, apontando para estimativas da Human Rights Watch — organização internacional não governamental que defende e realiza pesquisas sobre os direitos humanos — de que cerca de um milhão de uigures estão sendo mantidos em campos de detenção. Pequim rejeitou categoricamente as acusações, acrescentando que as instalações às quais os grupos de direitos humanos se referem são, na verdade, "centros de treinamento vocacional" usados para erradicar o extremismo e acabar com a pobreza.
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