O comércio entre a Rússia e a França aumentou, apesar da imposição das sanções abrangentes da União Europeia contra Moscou em fevereiro, disse Aleksei Meshkov, embaixador russo no país europeu, à Sputnik.
"A questão é que o volume comercial aumentou, em vez de diminuir. Mas isso se deve principalmente ao aumento dos preços dos recursos energéticos, e realmente houve uma redução em algumas outras posições bastante importantes. Mas em termos gerais, o volume de negócios aumentou", disse Meshkov.
Segundo o diplomata, Moscou e Paris mantêm contatos regulares a nível de líderes e ministros das Relações Exteriores e da Defesa para discutir a situação na Ucrânia.
"Não há contatos especialmente preparados, mas eles acontecem com bastante regularidade e estão relacionados à situação geral [...] Esta linha de comunicação permanece, mas mais em um modo situacional", apontou ele à Sputnik, acrescentando, no entanto, que atualmente é impossível contar com a participação global da França na resolução do conflito na Ucrânia.
"[...] O principal ator não está na Europa, está do outro lado do oceano, por isso os países europeus não podem desempenhar nenhum papel decisivo em um possível processo de resolução [na Ucrânia]. A propósito, a Alemanha e a França tiveram seu momento de glória quando foram garantes dos acordos de Minsk. Infelizmente, eles não fizeram nada para que fossem implementados, por isso hoje não podemos contar com qualquer participação global da França", segundo Meshkov.
Aleksei Meshkov mencionou ainda casos de russos vendo suas contas bancárias na França congeladas, vistos recusados, discriminação contra estudantes e professores russos e até a recusa de acesso à feira de comércio agrícola CIAL Paris, na capital do país europeu.
"[…] Infelizmente, esta é a lógica geral da atual classe política da UE. Em outras palavras, todos os direitos humanos elementares são na prática ignorados nesta luta contra os russos. A luta não é contra a Rússia, é contra os russos comuns, independentemente de suas crenças políticas, religiosas ou quaisquer outras", resumiu ele, acrescentando que apesar de todas as queixas, o governo francês recusa discutir esta questão.
A Rússia iniciou uma operação militar especial na Ucrânia em 24 de fevereiro em resposta ao apelo de ajuda das repúblicas de Donbass contra as forças de Kiev. Os países ocidentais aplicaram ao longo dos meses seguintes sanções abrangentes contra Moscou, exacerbando os problemas com os mercados de energia e as cadeias de abastecimento. Isso levou a uma alta da inflação na Europa e na América do Norte para os maiores níveis em décadas, disparando o custo de vida nessas regiões.