Os ministros de energia da Itália, Polônia, Grécia, Holanda, Bélgica e outros países da UE propuseram à Comissão Europeia um conjunto de medidas para combater os altos preços do gás, revelou uma carta obtida pela Sputnik nesta quinta-feira (13).
Segundo a nota, os países identificaram "um conjunto de medidas sem arrependimento destinadas a lidar com os altos preços do gás e um caminho preventivo".
As principais determinações incluem: alavancar o poder do mercado europeu por meio de uma plataforma de compra conjunta; coordenar e otimizar trajetórias de enchimento para armazenamento de gás; coordenar e intensificar a diplomacia energética nas importações de gás com todos os parceiros confiáveis.
Além disso, os ministros acreditam que é necessário desenvolver uma nova referência de GNL para reduzir o impacto do índice TTF [Mecanismo de Transferência de Títulos, em tradução livre. Uma espécie de imposto] nos contratos de gás; alavancar esforços para reduzir a energia e o consumo; e acelerar a implantação de energias renováveis, principalmente removendo imediatamente as barreiras regulatórias.
O TTF oferece duas opções principais aos negociantes: fazer negócios destinados à entrega imediata de gás, ou assinar os chamados contratos de futuros. Ao abrigo de um contrato de futuros, o expedidor e o comprador acordam um preço, mas os contratos de futuros estão expostos à especulação do mercado.
No contexto da operação da Rússia na Ucrânia, aumentou muito a especulação sobre um corte iminente dos fluxos de gás russo, levando a preços recorde no TTF. O comércio de futuros da semana passada fechou a 339 euros (R$ 2.052) por megawatt-hora, um valor estratosférico em comparação com os 27 euros (R$ 138) registados há um ano.
Os países da UE buscam meios para armazenar gás antes do inverno, o que inevitavelmente fez subir ainda mais os preços.
Os ministros disseram que estão procurando uma solução que permita que uma zona TTF interconectada dependa de um mercado que funcione bem para combinar oferta e demanda sem racionamento, eliminando o efeito colateral de um TTF livre zona, uma vez que os contratos de longo prazo são frequentemente vinculados a TTFs.
"Como resultado, gostaríamos que a Comissão Europeia explorasse as seguintes opções e propusesse soluções possíveis. A opção 1 é alterar as referências ao índice TTF nos contratos relevantes através de uma medida jurídica e/ou regulamentar da UE viabilidade de tal opção e os potenciais efeitos colaterais de mercados bifurcados", diz o documento.
A opção 2 é aplicar um teto/corredor de preço ao mercado atacadista e criar um mecanismo separado para combinar oferta e demanda se o teto de preço for atingido (por exemplo, através do transações de balcão, licitações, mercado separado).
As opiniões divergem sobre esta opção e se tal medida é possível e economicamente eficiente ou se pode levar a racionamento, arbitragem ou subsídios, acrescentaram os ministros.
Desde 2021, os preços da energia nos países da UE têm subido como parte de uma tendência global.
Após o início da operação militar da Rússia na Ucrânia em fevereiro e a adoção de vários pacotes de sanções contra Moscou pela UE, os preços da energia aceleraram esse crescimento, colocando a segurança energética no topo das agendas global e nacional e pressionando muitos governos europeus a recorrer a medidas de contingência.
A UE tem procurado alternativas ao gás natural russo desde que se comprometeu a acabar com sua dependência do fornecimento de energia da Rússia.
No final de setembro, os ministros da energia de 15 países da UE enviaram um apelo conjunto à Comissão Europeia no qual defendiam a introdução de um teto de preço para todas as importações de gás para a UE, independentemente da sua origem.