Os dois homens foram condenados a 18 meses de prisão, informou um tribunal de Stuttgart, na Alemanha, em um comunicado divulgado pelo jornal Le Figaro.
As sentenças foram comutadas em penas suspensas, pois a dupla já havia cumprido dez meses de prisão preventiva. As confissões completas e a ausência de antecedentes criminais contribuíram para a conversão, disse o tribunal.
Os homens, ex-paraquedistas do Exército alemão, haviam sido presos em outubro de 2021, enquanto estavam montando uma "unidade paramilitar de 100 a 150 homens", composta principalmente por soldados alemães.
Eles "se deixaram influenciar por ideias tingidas de fundamentalismo cristão", disse a sentença do tribunal.
A Justiça alemã acrescentou que, para a dupla, à custa de atos assassinos e baixas civis, o plano era "pacificar a zona de guerra civil e forçar negociações de paz entre os rebeldes houthis e o governo iemenita".
Os réus pretendiam oferecer aos seus mercenários um salário mensal de 40 mil euros (aproximadamente R$ 208 mil) e tentaram, em vão, entrar em contato com o governo saudita na esperança de ter seu projeto financiado.
Eles haviam trabalhado no passado para a empresa de segurança privada Asgaard, que a mídia alemã aponta ser o centro de uma vasta rede de extrema-direita.
Desde 2014, uma guerra civil tem visto rebeldes houthis, próximos ao Irã, entrarem em confronto com forças pró-governo, apoiadas pela Arábia Saudita.
O conflito mergulhou o Iêmen, o país mais pobre da península Arábica, em uma das piores tragédias humanitárias do mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a guerra custou centenas de milhares de vidas.
Este é o sétimo ano da guerra no Iêmen, liderada por uma coalizão da Arábia Saudita que inclui os EUA e os Emirados Árabes Unidos.
A partir de 2015, a aliança passou a realizar operações militares contra os rebeldes iemenitas, que controlam a capital do país, Sanaa, e extensas áreas ao norte e oeste.
A ONU considera que o Iêmen vive a mais grave crise humanitária do planeta, com mais de 80% da população sob necessidade de proteção. Segundo publicou a organização, mais de 16 milhões de iemenitas passam fome.