De acordo com matéria da Reuters, a Austrália afirmou que vai aumentar os esforços para firmar laços diplomáticos com nações vizinhas do Sudeste Asiático e do Pacífico na tentativa de combater "a crescente influência econômica e estratégica da China na região".
O primeiro orçamento do primeiro-ministro australiano Anthony Albanese, desde que seu governo trabalhista foi eleito em maio, elevou o financiamento para defesa em 8% no ano fiscal que termina em junho de 2023 e para mais de 2% do produto interno bruto (PIB) até meados de 2026, informou a Reuters.
Camberra aumentou seu orçamento de gastos militares, mas isso não é acompanhado por sua força nacional, posição internacional e seu próprio ambiente de segurança, disse o presidente da Associação Chinesa de Estudos Australianos, Chen Hong, ao Global Times na quarta-feira (26).
A política da Austrália para a China foi além das disputas partidárias, disse o observador. "Embora o governo trabalhista tenha atitudes diferentes do governo anterior em muitas questões, ainda está intimamente alinhado com a 'Estratégia do Indo-Pacífico' dos EUA e continua a ser um peão importante de Washington na contenção da China", enfatizou Chen.
O orçamento da Austrália na terça-feira (25) incluiu planos para aumentar a ajuda externa em US$ 910 milhões (cerca de R$ 4,9 bilhões), com US$ 579,8 milhões (aproximadamente R$ 3,2 bilhões) para os países insulares do Pacífico (PIC, na sigla em inglês) e US$ 302,8 (quase R$ 1,7 bilhão) para o Sudeste Asiático ao longo de quatro anos, enquanto a Austrália busca melhorar as relações com seus vizinhos menores, segundo a mídia.
O governo australiano também vai nomear um enviado especial para o Sudeste Asiático, estabelecendo um escritório para coordenar os esforços do governo em toda a região.
A fim de suprimir a crescente influência da China no Pacífico, a Austrália não tem poupado esforços para difamar a cooperação entre a China e os PIC, ao mesmo tempo que faz parceria com Washington em blocos multilaterais, incluindo o Quad (Austrália, Japão, Índia e EUA) e AUKUS (Austrália, Reino Unido e EUA).
A oferta de ajuda do orçamento aos PIC também reflete a ambição da Austrália de se tornar não apenas uma potência militar regional, mas também uma "hegemonia" regional, acredita Chen. Ele observou que, desde que o novo governo assumiu em maio, funcionários de alto nível visitaram os PIC com frequência e se envolveram em atividades diplomáticas ativas, que também visam conter a China e defender sua hegemonia na região.
"Atualmente, a Austrália está enfrentando dificuldades em sua economia doméstica. O governo australiano obviamente não quer se desvincular da China imediatamente. Ele ainda espera manter relações comerciais com a China e cooperar em áreas como as mudanças climáticas", disse Chen. "Estes [temas] são rentáveis para a Austrália."
Quanto ao potencial desenvolvimento das relações China-Austrália, Chen acredita que, até agora, as ações substantivas tomadas por Camberra para estreitar os laços estão muito abaixo das expectativas de Pequim. "A China deixou claro que quer usar o 50º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas bilaterais como uma oportunidade para fazer esforços concretos para aliviar as tensões, mas a Austrália não agiu ativamente e até fez várias declarações provocativas contra a China", concluiu Chen.