A mudança para pagamentos em moedas nacionais no comércio entre a Rússia e a China está acelerando o processo de desdolarização global, disse na quarta-feira (26) Sun Weidong, encarregado de negócios da China para a Rússia.
"A parceria econômica existente entre a China e a Rússia e o nível acumulado de comércio de longo prazo estabeleceram uma base firme para o aprofundamento da cooperação entre nossos países [...]. A cooperação financeira, como os pagamentos em moedas nacionais, que estamos atualmente promovendo, facilitará a desdolarização global", assegurou Sun durante uma conferência sobre as relações sino-russas.
Sun afirmou que o volume do comércio entre os dois países cresceu de US$ 881 bilhões (R$ 4,74 trilhões) para US$ 1,5 trilhão (R$ 8,08 trilhões), e acrescentou que a cooperação comercial entre a Rússia e a China se concentra principalmente em energia e agricultura.
"A cooperação energética continua desempenhando um papel importante nas relações entre os dois países. Além disso, produtos agrícolas e frutos do mar provenientes da Rússia estão entrando cada vez mais no mercado chinês. Temos cooperação em grandes projetos na área da energia nuclear, construção de aeronaves, motores de foguetes, navegação por satélite [...]. Além disso, há um constante pagamento em moedas locais", disse o diplomata.
Ele também notou que tanto a Rússia quanto a China estão conscientes de que o aprofundamento da cooperação estratégica bilateral não é uma medida temporária, mas uma escolha estratégica baseada nos interesses fundamentais dos dois Estados e de seus povos.
"China e Rússia invariavelmente levantam juntas a bandeira da independência, que é uma parte integral de seu desenvolvimento conjunto."
Moscou tem repetidamente referido que a política de sanções de Washington mina a confiança no dólar, reduz os investimentos das reservas nacionais na dívida pública dos EUA, e contribui para aumentar o volume do comércio externo em outras moedas.
Ao mesmo tempo, a Rússia sublinha que a política de desdolarização não implica uma proibição da circulação do dólar, mas a criação de condições economicamente benéficas para o uso de outras moedas.