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Mídia: UE pode sobreviver até a primavera sem gás russo, mas próximo inverno pode ser desafiador

Os países ocidentais ainda precisam implementar um teto de preços para o gás russo, já que Moscou prometeu não vender o combustível azul para qualquer comprador que tente introduzir tal medida.
Sputnik
A Europa não vai poder contar com o gás natural liquefeito (GNL) dos EUA para enfrentar o crescente déficit da União Europeia (UE) em 2023, informou um meio de comunicação dos EUA.
Os suprimentos de GNL "sensíveis ao preço" da América vão continuar a fluir para mercados premium, incluindo a Europa, nos próximos meses "a menos que a demanda asiática aumente".
"No entanto, o aumento ano a ano não é suficiente para compensar um corte total no fornecimento canalizado russo, com menos da metade desses volumes compensados por aumentos de GNL."
Embora as importações de GNL para o noroeste da Europa e Itália possam aumentar em nove bilhões de metros cúbicos, o déficit da Rússia pode chegar a 20 bilhões de metros cúbicos no próximo ano, principalmente devido a uma falha na rede de gasodutos Nord Stream (Corrente do Norte).
A notícia vem depois que o presidente russo, Vladimir Putin, disse durante uma sessão plenária do Clube de Discussões Valdai — um grupo de reflexão e fórum de discussão em Moscou — que a Rússia está pronta para fornecer gás à Europa através do gasoduto Nord Stream 2 que não foi danificado pelo colapso.
Ele sinalizou a disposição da Rússia de entregar volumes adicionais de gás à UE nos próximos meses, enfatizando que a bola está agora no campo de Bruxelas.
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O presidente russo acrescentou que é possível reparar o Nord Stream, mas que só deve fazer sentido se a operação do gasoduto for economicamente viável. Isso ocorreu depois que o ministro da Energia da Rússia, Nikolai Shulginov, disse no início desta semana que a possível introdução de um teto de preços para o gás russo poderia desestabilizar ainda mais os mercados internacionais de energia e afetar tanto os produtores quanto os consumidores do combustível.
Ele acrescentou que as sanções impostas contra a Rússia em resposta à sua operação militar especial em andamento na Ucrânia e os planos dos países europeus de pararem completamente com a importação de combustíveis fósseis russos levaram a um aumento sem precedentes dos preços do gás e a grandes interrupções nas cadeias de suprimentos.
A declaração foi precedida por Aleksei Miller, chefe da gigante de energia russa Gazprom, alertando na semana passada que a introdução de um teto de preços ao gás russo na Europa seria uma violação dos termos contratuais, o que implicaria no término dos fornecimentos caso a decisão fosse tomada.
No final de setembro ocorreram fortes explosões e vazamentos de combustível nos gasodutos da rede Nord Stream, que desempenha um papel fundamental no trânsito de gás russo para a Europa. As autoridades suecas e dinamarquesas, que suspeitam que o incidente foi resultado de sabotagem, impediram Moscou de investigar o ataque.
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A Rússia classificou as explosões dos gasodutos como atos de terrorismo internacional, acrescentando que a investigação de ataques terroristas só pode ser considerada confiável e objetiva se Moscou participar dela.
Antes do colapso, a capacidade do Nord Stream era de 55 bilhões de metros cúbicos de gás por ano, enquanto o combustível azul da Rússia fornecia pelo menos 40% da demanda de gás da Europa no ano passado, segundo a Agência Internacional de Energia.
A mídia dos EUA informou que dezenas de navios-tanque norte-americanos carregados de GNL estão sobrecarregando "a capacidade das instalações europeias de regaseificação de descarregar as cargas em tempo hábil" em meio à crise de energia em andamento na Europa.
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